Bolsonaro empurra Rodrigo Maia para voo solo
Jair Bolsonaro tomou café da manhã com Rodrigo Maia nesta quarta-feira. Queria desfazer a má impressão provocada pelo cancelamento do encontro que teria com o presidente da Câmara no início da semana. Deu errado. As declarações feitas por Bolsonaro antes do encontro demonstraram que há males que vêm para pior.
Ciente de que Maia reivindica a recondução à presidência da Câmara, Bolsonaro esclareceu que cultiva outros planos: "O Rodrigo tem os seus interesses e eu tenho os meus." Sem declarar guerra ao deputado do DEM, o presidente eleito informou que considera a hipótese de meter-se em trincheiras alternativas. "Não tenho nada a me opor a ele. Existem outros candidatos também muito bons se lançando."
"Nós vamos esperar a bancada (do PSL, que elegeu 52 deputados)", acrescentou Bolsonaro. "Afinal de contas, o presidente não pode se envolver diretamente nessa questão. Isso não é bom para o governo."
Com uma vivência de 28 anos de mandato parlamentar, Bolsonaro já aprendeu que a retórica segundo a qual "presidente não pode se envolver diretamente" na disputa pelos comandos das Casas do Congresso é parte de uma encenação que conduz a dois desfechos. Num, o inquilino do Planalto tira foto com os vitoriosos. Noutro, ganha inimigos para infernizar-lhe o mandato.
Agregador, Rodrigo Maia emitiu sinais de que gostaria de incluir o governo no seu projeto. Tomado pelas palavras, Bolsonaro está em outra. Sua hostilidade empurra o interlocutor para um voo solo. De duas, uma: ou Bolsonaro montou uma articulação secreta para eleger um nome retirado do bolso do seu colete para o comando da Câmara ou está comprando uma encrenca.
Quando ainda vestia a faixa presidencial, Dilma Rousseff achou que seria possível desligar o PMDB da tomada. Mais: imaginiu que poderia ajudar a eleger o petista Arlindo Chinaglia para a presidência da Câmara, derrotando Eduardo Cunha. Deu em impeachment. Enviada para casa mais cedo, Dilma cuida dos netos em Porto Alegre depois de uma frustrada campanha para o Senado. Cunha puxa uma cana dura em Curitiba.
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