Nada mais incerto que as certezas das autoridades sobre a morte de Marielle
Na noite do dia 14 de março, a vereadora carioca Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes foram executados a tiros na Rua Joaquim Palhares, bairro do Estácio, zona norte do Rio. Cadê os culpados? "Alguns participantes nós temos", declarou o secretário de Segurança Pública do Rio, general Richard Nunes.
Por que ainda não foram passados na tranca? "Não podemos ser precipitados. No momento que prende um, não prende os demais." Heimmm?!? "Temos que ter uma narrativa consistente, com provas cabais, que não sejam contestadas em juízo."
Há milicianos por trás dos gatilhos? "Se a milícia não está a mando, está na execução." Há políticos na encrenca? "Provavelmente." Extraídas de entrevista concedida à Globonews, as palavras do general Richard Nunes têm a solidez de uma porção de gelatina.
Nada mais incerto do que extrair certezas das dúvidas esgrimidas pelo secretário de Segurança. Diante de suas palavras os 14 volumes do processo tornaram-se gênero de primeira necessidade para quem deseja saber por que a polícia continua patinando oito meses depois do crime.
Obtidas por jornalisats da Globo, as páginas do processo não foram divulgadas porque a Justiça censurou a notícia. Alega-se que a transparência prejudicaria as investigações. A decisão afronta o direito do brasileiro à informação. Antes de trocar a Constituição pela tesoura, os magistrados deveriam lembrar que a imprensa não atira para matar.
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