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Josias de Souza

Dilma já não pode ostentar a pose de flor do lodo

Josias de Souza

23/11/2018 18h22

O juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, complicou a rotina de Dilma Rousseff (conheça os detalhes aqui). Ao enviá-la para o banco dos réus junto com os companheiros Lula, Palocci, Mantega e Vaccari, o magistrado obrigou a ex-gerentona a ajustar sua coreografia. A pose de flor do lodo perdeu o prazo de validade.

Arma-se sobre o penteado de Dilma uma tempestade semelhante à que dispara trovões e raios que o partam na direção do seu mentor e padrinho político. Como o eleitor mineiro sonegou a Dilma um mandato de senadora, ela também será moída na primeira instância do Judiciário.

Tomado pelo peso da pena, o doutor Vallisney segue o padrão Moro de suavidade. É por sua determinação, por exemplo, que Geddel Vieira Lima expia os pecados na penitenciária brasiliense da Papuda. Hóspedes da carceragem de Curitiba, Lula Palocci e Vaccari sabem o que isso significa. Dilma, ainda não.

Diferentemente de Lula, já condenado e ainda enroscado em meia dúzia de processos, Dilma desce ao moedor do Judiciário pela primeira vez. Estreia em grande estilo, num caso que ficou conhecido com "quadrilhão do PT". Nele, os réus são acusados de desvios de R$ 1,485 bilhão.

Nos próximos dias, Dilma deve se integrar à cenografia de Lula, trocando a pose de flor inocente pela de perseguida política.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.