Caciques ameaçam a ‘lua-de-mel’ de Bolsonaro
O triunfo eleitoral não deve garantir a Jair Bolsonaro os cem dias de tolerância a que todo novo presidente tem direito. Essa lua-de-mel está prevista numa espécie de lei não escrita. É uma praxe normalmente respeitada na política. Mas alguns partidos ameaçam sonegar a Bolsonaro o armistício inaugural. Por duas razões —ou dois pretextos.
Alega-se em primeiro lugar que, embora seja novo, o governo cavalga uma agenda velha, encabeçada por uma reforma impopular: a mexida na Previdência. A segunda alegação, talvez mais relevante e verdadeira, é a de que Bolsonaro organiza o seu governo à margem das cúpulas partidárias. Alheio a esses muxoxos, o capitão opera à sua maneira.
Sob holofotes, Bolsonaro premiou com ministérios as chamadas bancadas temáticas —como a Evangélica, a da Saúde e a do Agronegócio. No escurinho, os operadores do novo presidente oferecem aos parlamentares cargos de terceiro escalão em repartições federais localizadas nos Estados. São órgãos como Dnit, Ibama, Incra, Dnocs…
Caciques como Romero Jucá, um senador não-reeleito que preside o velho MDB, avisam: "Dirigentes das bancadas temáticas não sentam na mesa da presidência da Câmara numa reunião de líderes, não discutem as pautas, não definem as urgências". O que Jucá está dizendo, com outras palavras, é o seguinte: se continuar escanteando os líderes, as cúpulas partidárias, Bolsonaro não chega a lugar nenhum.
Esticando-se essa corda, a encrenca pode terminar numa trincheira virtual. Bolsonaro transforma sua gestão num webgoverno e vai às redes sociais atiçar o eleitorado contra os parlamentares, acusando-os de sabotadores. Não resolve o déficit fiscal nem tira a economia do seu estado anestésico. Mas divide o custo do fiasco.
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