Bolsonaro sinaliza plano de 'governar' pelo celular
Ao discursar na cerimônia de diplomação no Tribunal Superior Eleitoral, Jair Bolsonaro sinalizou a intenção de transformar o celular numa extensão do gabinete presidencial. Referiu-se a "um novo tempo". Uma época em que "o poder popular não precisa mais de intermediação", pois "as novas tecnologias permitiram uma relação direta entre o eleitor e seus representantes."
Ficou entendido que Bolsonaro irá transportar do ambiente eleitoral para a arena administrativa sua principal alavanca política: a comunicação direta via redes sociais (ou antissociais). São dois os intermediários que ele deseja saltar: os jornalistas e os caciques partidários. Um apoiador do capitão disse ao blog que ele decidiu "provar" que a mesma internet que serviu para vencer a eleição servirá para governar.
Não é que Bolsonaro pretenda ignorar a imprensa e as cúpulas partidárias. Nas palavras do correligionário do novo presidente, o que ele quer é "modificar o modo como o governo se relaciona com esses dois setores, eliminando a relação de dependência e confrontando quando for necessário."
Contra a mídia, rações diárias de contrapontos oficias colocados ao alcance do aparelho de celular dos brasileiros. Contra os pajés dos partidos, contatos diretos com o baixo clero do Congresso, além de hashtags direcionando internautas para os calcanhares de parlamentares avessos a reformas.
Na campanha, dizia-se que a candidatura de Bolsonaro murcharia depois do início da propaganda no rádio e na TV. Deu-se o inverso. O rival tucano Geraldo Alckmin, com quase metade do tempo atribuído a todos os demais candidatos, amargou nas urnas um humilhante quinto lugar. E o capitão prevaleceu com exíguos 8 segundos de propaganda e uma superexposição televisiva provocada pela facada.
O sucesso eleitoral faz parecer fácil a implantação de um webgoverno, comandado por uma versão subdesenvolvida de Donald Trump. O difícil é executar o plano. Num primeiro momento, caciques como Valdemar Costa Neto (PR) e Roberto Jefferson (PTB), cujo poder partidário gira ao redor do rateio do tempo de TV, dos cargos e das verbas públicas, tendem a perder oxigênio.
Entretanto, será mais difícil governar por meio de posts, lives e hashtags quando terminar a lua-de-mel de Bolsonaro com seu eleitorado. A disposição das redes para apoiar diminui na proporção direta do crescimento da impopularidade de um governante. O mesmo celular que impulsiona serve para propagar os memes que corroem a imagem de autoridades nos grupos de WhatsApp.
De resto, a crise provocada pelo caso Coaf revelou uma particularidade desconhecida de Jair Bolsonaro. Diante de dados que acomodaram a conta bancária de sua mulher, Michelle, na rota da movimentação atípica de um ex-motorista de seu filho Flávio Bolsonaro, o presidente eleito moveu-se nas redes sociais e fora delas com a agilidade de uma tartaruga politraumatizada.
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