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Josias de Souza

Otimismo pré-posse pode ser bastante efêmero

Josias de Souza

13/12/2018 23h51

A primeira pesquisa pós-eleitoral, feita pelo Ibope, trouxe boas notícias para Jair Bolsonaro. A principal delas é que 64% dos brasileiros estão otimistas em relação ao governo que o capitão fará. Acham que será um governo ótimo ou bom. Considerando-se que Bolsonaro foi eleito com 55% dos votos válidos, houve, por assim dizer, um reforço de sua base social. Até brasileiros que não votaram nele decidiram dar um voto de confiança.

Outra notícia alvissareira para Bolsonaro é que 75% dos entrevistados, informados sobre o trabalho do escritório de transição, acreditam que o presidente eleito e sua equipe estão no caminho certo. De resto, pode-se dizer que os temas que mais inquietam os brasileiros estão sendo tratados por Bolsonaro. Pela ordem em que aparecem na pesquisa, esses temas são: saúde, desemprego, corrupção, segurança pública e educação.

Aqui terminam as boas notícias. A má notícia é que esse tipo de otimismo, comum em períodos que antecedem a posse de um novo governo, pode ser efêmero se o eleito não apresentar resultados palpáveis em prazo razoável. Algo que possa ser percebido já no primeiro ano de mandato.

Se você reparar direito, o brasileiro não tem razões para ser pessimista. Escolas e hospitais estão em frangalhos, possibilidade ideal para um reaparelhamento. Há na praça quase 12 milhões de desempregados, uma oportunidade para que recuperem o contracheque. A corrupção ainda pulsa, uma chance única para que o próprio Bolsonaro coloque em pratos limpos o dinheiro que sua mulher recebeu da conta bancária atípica do ex-assessor do filho. A segurança é inexistente, o que permite que passe a existir.

O caos transformou o Brasil num pedaço ideal do mapa para o surgimento de algo absolutamente novo. Daí o otimismo. O que o Ibope não esclarece é se Bolsonaro, que traz Messias no sobrenome, já aprendeu a fazer milagres.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.