Jair Bolsonaro aproveitou mal a vitrine de Davos
Criou-se em torno da estreia interncional de Jair Bolsonaro uma enorme expectativa. Dizia-se que, beneficiado pela ausência de estrelas como Donald Trump, o presidente brasileiro seria a grande atração do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Mas a montanha pariu uma decepção.
Foram à plateia, além de chefes de Estado e dirigentes de organismos multilarerais, alguns dos mais poderosos presidentes de corporações globais. Gente com potencial para influir nos rumos da economia mundial. Podendo esmiuçar o programa liberal que promete implantar no Brasil, Bolsonaro limitou-se a pronunciar um discurso vago. Absteve-se de citar metas e prazos.
Bolsonaro tinha 45 minutos para aguçar o apetite dos investidores estrangeiros. Falou por escassos seis minutos. Agradou a plateia ao dizer coisas definitivas sobre sua plataforma liberalizante. Mas decepcionou ao não definir muito bem as coisas. O dinheiro, como se sabe, foge da insegurança. E Bolsonaro só conseguiu passar segurança até certo ponto. O ponto de interrogação.
Guardadas as proporções, Bolsonaro viveu experiência semelhante à que foi vivenciada há três anos pelo presidente da Argentina, Mauricio Macri. Em 2016, um Macri recém-eleito foi a Davos para anunciar que promoveria uma guinada econômica em seu país. Acenou com mudanças rápidas e radicais. Hoje, os investidores que acreditaram contabilizam os prejuízos.
O desafio de Bolsonaro era encontrar um meio-termo. Mas o capitão confundiu o comedimento com falta de clareza. Escaldados, os investidores talvez observem o Brasil com olhos de São Tomé, pois em matéria de investimento, quem acredita piamente depois não pode piar.
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