Topo

Josias de Souza

Alckmin e Tasso buscam porta de saída do PSDB

Josias de Souza

25/01/2019 04h27

O PSDB já não é o que foi na época em que Franco Montoro, Mario Covas e Fernando Henrique Cardoso o fundaram. E ainda não sabe o que será depois que João Doria concluir o seu cronograma de dominação da legenda. Incomodados, tucanos da velha guarda, como Geraldo Alckmin e Tasso Jereissati, foram acometidos da síndrome do que está por vir. Procuram a porta de saída do partido.

Deu-se o esperado. Após virar governador de São Paulo contra a vontade dos sábios do ninho, Doria dedica-se a demolir o muro sobre o qual os tucanos equilibravam suas ambiguidades. E projeta para maio a remoção daquilo que um de seus operadores chama de "entulho".

Moído na campanha presidencial de 2018, Alckmin será substituído na presidência nacional do PSDB por Bruno Araújo, ex-ministro das Cidades no governo de Michel Temer. Procura-se um candidato à vaga de Tasso na presidência do Instituto Teotônio Vilela, braço acadêmico do tucanato.

Simultaneamente, Doria empurra o que restou do PSDB para o colo de Jair Bolsonaro. E o grão-tucanato não pode nem fazer bico de nojo, pois a plataforma liberal do capitão inclui bandeiras nas quais os tucanos estão enrolados desde a edição do Plano Real, há 25 anos. Coisas como privatizações e reformas econômicas liberais.

Em público, Alckmin, Tasso e tucanos assemelhados desconversam sobre o plano de abandonar o ninho. Em privado, reconhecem que só não viraram a maçaneta porque ainda não sabem para onde ir. Há um quê de ironia no êxodo tucano.

Hipnotizado pela rivalidade com Lula e o petismo, o PSDB esqueceu de formar novos quadros. Na campanha municipal de 2016, Alckmin achou que seria uma boa ideia improvisar. Patrocinou a vitoriosa campanha de João Doria à prefeitura de São Paulo. Agora, experimenta a mesma sensação que teve o homem das cavernas ao notar que, se soubesse o que ia acontecer, teria sido melhor ficar lá dentro.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.