Rivais põem poder de Renan em caixa de fósforo
Até bem pouco, a democracia brasileira era constituída por três poderes: o Executivo, o Judiciário e Renan Calheiros. Multiuso, Renan funcionava junto com os outros poderes. Mas também podia funcionar sem nenhum dos outros. Ou até contra eles. Isso tudo mudou. No momento, o poder de Renan cabe numa caixa de fósforos.
Ao vincular-se à frustrada tentativa de Renan de voltar à presidência do Senado, o MDB transformou a desidratação do seu ex-todo-poderoso num processo de derretimento partidário.
Dono da maior bancada do Senado (13 senadores), o MDB deveria ocupar a presidência e um outro posto de sua preferência na Mesa diretora da Casa. Em privado, o presidente do partido, Romero Jucá (RR), diz que isso teria acontecido se o MDB tivesse escolhido Simone Tebet (MS) para representá-lo na eleição do Senado. Ao esticar a corda, Renan e sua enorme rejeição tornaram-se cabos eleitorais de Davi Alcolumbre (DEM-AP), elegendo-o presidente do Senado.
Com a vitória de Davi, o MDB teve de se contentar com a segunda-secretaria do Senado, entregue a Eduardo Gomes (MDB-TO). Parceiro de infortúnio de Renan, o PT obteve um posto ainda mais vexatório. Sentou o senador Jaques Wagner na poltrona de terceiro-suplente —atrás do PPS (três senadores) e o do PDT (quatro).
Se tudo correr como foi planejado pelos algozes de Renan, a humilhação será concluída na semana que vem, no processo de escolha dos presidentes das comissões do Senado. O MDB deve ficar com a comissão mais importante, a de Constituição e Justiça. Mas isso só será respeitado se o partido aceitar o nome selecionado pela banda vitoriosa: Simone Tebet (MDB-MS), a senadora que desafiou a empáfia de Renan, perdendo na bancada por 7 votos a 5.
Davi Alcolumbre e seus aliados planejaram o escanteamento do MDB pró-Renan guiando-se pelos ensinamentos de um ótimio professor. Chama-se Renan Calheiros. Elegeu-se presidente do Senado para o biênio 2015—2016 numa disputa contra o então senador Luiz Henrique (MDB-SC).
Após derrotar o rival, Renan excluiu da composição da mesa os partidos que ousaram votar contra ele, a começar pelo PSDB. Grão-duque do tucanato nessa época, Aécio Neves travou um memorável bate-boca com Renan (reveja no vídeo abaixo). Hoje, Aécio faz companhia a Renan no caldeirão em que são dissolvidas as biografias tóxicas.
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