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Josias de Souza

Guedes: ‘Será uma surpresa se mexerem muito nesse projeto’ da Previdência

Josias de Souza

21/02/2019 03h51

O ministro Paulo Guedes (Economia) disse estar otimista com a tramitação da reforma da Previdência no Congresso. "Será uma surpresa muito grande se mexerem muito no projeto". Em entrevista à TV estatal NBR, transmitida na noite de quarta-feira (20), Guedes declarou que os congressistas estão "bastante maduros". Acha que eles se convenceram da necessidade da reforma.

Guedes estimou em R$ 1,2 trilhão a economia a ser obtida com as mudanças num intervalo de dez anos. Fixou uma espécie de piso abaixo do qual não gostaria de chegar nas negociações com o Congresso: "R$ 1 trilhão é uma linha importante. Cada vez que nós mexermos nesse número para baixo, estamos sacando contra o futuro dos nossos filhos e netos."

O ministro exalou otimismo: "Eu acredito que chegou a hora da nova Previdência, porque há um amadurecimento muito grande da matéria. Pode haver um detalhe para cá, outro para lá, que serão muito bem-vindos. Nas discussões temos recebido contribuições excelentes" de prefeitos, governadores e parlamentares.

Ecoando Jair Bolsonaro, que discursara em rede nacional horas antes, Guedes afirmou que a reforma busca a equidade. "Passou a fase da demagogia, de dizer que a reforma da Previdência era contra os mais pobres, porque não é verdade. Ela remove privilégios, reduz desigualdades e visa garantir não só as aposentadorias existentes hoje, mas o emprego e as aposentadorias das gerações futuras." Assista abaixo à entrevista do ministro à emissora  estatal.

A certa altura, o ministro insinuou que os políticos se rendem à reforma da Previdência na marra, empurrados pela breca fiscal que se espraia pelos três níveis da federação: "A classe política percebeu que é incontornável a necessidade dessa reforma. As prefeituras, os governos estaduais e o governo federal estão com problema. Isso não é mais adiável"

Guedes festejou: "Essa percepção da classe política é muito encorajadora, porque isso está há décadas sendo adiado, contornado." Mencionou o engajamento do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) e do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidentes da Câmara e do Senado. Absteve-se de citar o ministro Onyx Lorenzoni, chefe da Casa Civil da Presidência e coordenador político do governo.

Alheio às previsões de que a tramitação da reforma será demorada, o ministro tem pressa: "Quanto mais rápido aprovarmos, mais rapidamente desaparecem as nuvens negras do horizonte fiscal brasileiro."

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.