Articulação política do governo vira latifúndio improdutivo que Maia invade
Confrontado com a necessidade de aprovar a reforma da Previdência no Congresso, Jair Bolsonaro descobriu-se na incômoda posição de um comandante sem tropa. Seu partido, o PSL, está desunido. Seu principal operador político, o chefe da Casa Civil Onyx Lorenzoni, não conquistou a confiança dos demais partidos. Em momento crucial, a articulação política do Planalto transformou-se numa espécie de latifúndio improdutivo que Rodrigo Maia invade. A contragosto, Bolsonaro teve de colocar seu temperamento imperial de molho.
Rodrigo Maia assume gostosamente a atribuição de articulador informal da reforma previdenciária. Busca o equilíbrio entre a defesa de uma proposta que julga indispensável à economia do país e o distanciamento que se exige de um presidente da Câmara em relação ao governo. Desse esforço resultou o surgimento de um tipo de aliado com o qual Bolsonaro não está habituado —um aliado crítico, que não hesita em apontar os equívocos do governo.
Em conversa com um empresário, Rodrigo Maia expôs o que imagina ser o principal drama de Bolsonaro. Recordou que, antes de virar presidente, o capitão foi deputado federal por 28 anos. Nesse período, não recostou os cotovelos em nenhuma mesa de negociação. Assíduo no plenário e nas comissões, especializou-se em desfeitear autoridades e colegas, não em debater propostas. No Planalto, disse Maia ao interlocutor, Bolsonaro vai se dando conta de que não é possível governar sozinho.
Embora seja útil ao governo, a articulação informal de Rodrigo Maia não substitui a ação governamental. O presidente da Câmara repassou ao Planalto um kit de providências sem as quais imagina que será mais difícil aprovar a mexida na Previdência:
1) Azeitar o diálogo com os líderes dos partidos;
2) Acionar as baterias pró-Bolsonaro nas redes sociais em defesa da reforma;
3) Jogar ao mar os pedaços da reforma que mexem com os velhinhos pobres e os aposentados rurais;
4) Apressar o envio ao Congresso do projeto que endurece as regras da aposentadoria dos militares.
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