Governo trata pacote de Moro a golpes de barriga
Em artigo intitulado "O caminho das reformas", Jair Bolsonaro afirmou que se deparou com "três grandes desafios" ao assumir a Presidência: "a reforma tributária, a reforma trabalhista e a reforma da Previdência." Das três reformas, disse o presidente, a previdenciária é "o carro-chefe, o centro de gravidade do nosso governo." Publicado na edição desta quarta-feira do Valor Econômico, o texto tem 20 parágrafos. Neles, não há uma mísera menção ao pacote de medidas anticrime e anticorrupção do ministro Sergio Moro (Justiça).
Bolsonaro ignorou Moro dois dias depois de o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ter travado a tramitação do seu pacote anticrime. Maia enviou as medidas sugeridas pelo ministro da Justiça para um grupo de trabalho. Esse grupo terá 90 dias para compatibilizar o pacote de Moro com outros dois projetos de conteúdo análogo que já tramitam na Câmara. Signfica dizer que as propostas da Justiça foram empurradas para o segundo semestre.
Sem alarde, o Planalto celebrou a decisão de Maia, pois avalia que não há condições de manter duas atrações em cartaz. Moro esteve na Câmara nesta quarta-feira. Participou do ato de criação da Frente Parlamentar de Segurança Pública. E voltou a pregar no deserto: "Na minha avaliação, isso (o pacote anticrime) pode tramitar em conjunto (com a reforma da Previdência), não haveria maiores problemas. Mas vamos conversar, estamos abertos ao diálogo. Evidentemente, as decisões relativas ao Congresso pertencem ao Congresso."
No artigo em que ignorou os desejos de Moro, Bolsonaro anotou que fará "todo esforço para que seja concluída e aprovada o quanto antes" a reforma previdenciária preparada pela equipe do ministro Paulo Guedes (Economia). Fará isso para evitar que a saúde econômica do país entre na "UTI da crise social".
Moro também tem pressa: "Os eventos que ocorreram este ano, especialmente no Ceará, acendem uma luz amarela de que a questão da segurança pública é algo que tem que ser tratado com a devida celeridade, porque as ameaças são cada vez maiores. E o projeto caminha nessa área endurecendo o tratamento para crimes mais graves, destravando nossa legislação e criando mecanismos para melhor investigação." Faltou combinar com o capitão.
Horas depois da visita de Moro, Bolsonaro também foi à Câmara. A exemplo do que fizera no mês passado, quando entregou pessoalmente a reforma da Previdência, o presidente levou a proposta de reformulação da aposentadoria dos militares. Os líderes partidários condicionavam o início da tramitação da reforma geral à chegada da proposta referente aos servidores fardados.
Moro passou pela Câmara sozinho. E seu pacote continua no limbo. Para destravar a tramitação legislativa da Previdência, Bolsonaro levou a tiracolo, além do Posto Ipiranga Paulo Guedes, o chefe da Casa Civil Onyx Lorenzoni e o general Fernando Azevedo e Silva, ministro da Defesa. Pela Previdência, organizou-se um mutirão. Para o pacote de Moro, reservam-se golpes de barriga.
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