Código de barras trava a reforma da Previdência
O sistema político brasileiro, como se sabe, morreu. E não foi para o céu. A despeito disso, um Congresso supostamente renovado discute a reforma da Previdência ostentando os mesmos vícios que levaram à deslegitimação de um modelo insustentável. No gogó, há na Câmara uma imensa maioria de deputados a favor da proposta de reforma previdenciária. Mas a emenda constitucional não avança porque o governo e seus potenciais apoiadores não se entendem quanto ao preço dos votos.
Bolsonaro se autoproclama um presidente limpinho. E oferece um balcão mixuruca, com emendas orçamentárias impositivas e cargos de quinta categoria. Os potenciais aliados do governo olham ao redor, enxergam o laranjal que cresce no quintal do PSL, partido do presidente, vêem o primogênito Flávio Bolsonaro encrencado com o Ministério Público, observam a queda da popularidade do capitão e sentenciam: "Bolsonaro é um dos nossos. Terá que jogar o jogo." E nada avança.
Depois de cinco anos de Lava Jato, o Brasil continua às voltas com a síndrome do quase. A faxina quase foi alcançada quando as ruas escorraçaram Collor do poder. A higienização quase foi obtida quando cassaram-se os mandatos de meia dúzia de anões do Orçamento. A purificação quase chegou quando o Supremo mandou para a Papuda a bancada do mensalão. Sobrevieram o impeachment de Dilma, a prisão de Lula, a eleição de uma chapa puro-sangue militar, o pesadelo criminal de Temer… E prossegue a maldição do quase.
Churchill ensinou que a democracia é o pior regime possível com exceção de todos os outros. No Brasil, os políticos continuam engajados num esforço para implementar as alternativas piores. Se tivessem juízo, os congressistas arrancariam da lapela o código de barras. A sociedade e a economia do país não suportam mais.
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