Centrão impõe humilhações em série a Bolsonaro
A reforma da Previdência empacou na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. A votação foi adiada para depois da Páscoa. Isso ocorre porque o centrão, grupo suprapartidário conservador que vive de apoiar governos em troca de vantagens, decidiu dar uma lição em Jair Bolsonaro. O centrão quer ensinar a Bolsonaro que ataques à velha política, muito úteis em campanhas eleitorais, perdem a serventia no instante em que o presidente manda para o Congresso as emendas constitucionais que prometeu aos eleitores.
No caso da reforma da Previdência, o que Bolsonaro precisa no momento é de três quintos dos votos: 308 votos na Câmara e 49 votos no Senado. Sem os votos do centrão, o Planalto não atingirá essas marcas. No gogó, os partidos do centrão se dispõem a ajudar. Mas consideram mixurucas as vantagens levadas por Bolsonaro ao balcão: cargos de quinta categoria nos Estados e uma mixaria em emendas orçamentárias.
Em aliança com a oposição, o grupo apressa a votação da emenda constitucional que impõe o pagamento dos gastos que as bancadas estaduais enfiam dentro do Orçamento da União. Aceleram a emenda que transfere verbas federais diretamente para os prefeitos, sem a intermediação do governo federal. O centrão arranca na marra o que Bolsonaro se nega a negociar. O grupo faz gato e sapato do governo na Comissão de Justiça da Câmara.
O centrão impõe humilhações em série a Bolsonaro. Inverte a pauta, para tirar a Previdência do primeiro lugar da fila. Assiste de braços cruzados às manobras protelatórias da oposição. Condiciona a votação a uma lipoaspiração na proposta do governo. Em vez de negociar a sério, levando à vitrine eventuais propostas indecentes, Bolsonaro prefere ficar irritado. O Centrão não fica irritado, fica com tudo.
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