Bolsonaro premia a suspeita e demite o trabalho
Sob Jair Bolsonaro, o governo revoluciona as noções mais elementares de recursos humanos. O presidente convive gostosamente com ministros sob suspeição. Mas não tolera funcionários que molham o paletó para melhorar o desempenho de empresas estatais.
Por ordem de Bolsonaro, o Banco do Brasil demitiu seu diretor de marketing, Delano Valentim. Submetido à concorrência das chamadas fintechs, o bancão estatal precisa atrair clientes jovens. Levou ao ar uma campanha publicitária compatível com sua necessidade.
Estrelada por uma rapaziada que traz na cara a diversidade racial e sexual do Brasil, a propaganda ofendeu o padrão estético cultuado por Bolsonaro. Com um de seus telefonaços, o capitão mandou retirar a peça do ar. Determinou também a demissão do diretor de marketing.
Ficou entendido que a ausência de critério é o principal critério para definir quem pode ou não trabalhar na administração de Jair Bolsonaro.
Um dos ministros preferidos do presidente, Ricardo Salles, do Meio Ambiente, carrega na biografia uma condenação de primeira instância por improbidade administrativa. O titular da pasta do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio, do partido de Bolsonaro, é varejado pela PF num inquérito sobre desvio de verbas públicas por meio de candidaturas de laranjas. Há na Esplanada mais meia dúzia de encrencas do gênero. Todas permanecem grudadas em suas poltronas.
Bolsonaro consolida-se como um administrador sui generis. Ao fornecer estabilidade no emprego para ministros suspeitos, revela-se incapaz de resolver os problemas que cria. Ao demitir quem ousa fazer o seu trabalho, o presidente exibe uma extraordinária capacidade para organizar confusões. As fintechs e as casas bancárias privadas deveriam erigir uma estátua em sua homenagem.
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