Centrão trama impor ao governo uma ‘pegadinha’
Apontados por Jair Bolsonaro como vilões da ingovernabilidade, os líderes do centrão cogitam impor ao governo, no plenário da Câmara, algo muito parecido com uma 'pegadinha'. O plano é repetir a surra que o Planalto levou na comissão que analisou a medida provisória editada por Bolsonaro para reestruturar a Esplanada e reduzir o número de ministérios de 29 para 22. A novidade é que dessa vez a surra seria aplicada com os punhos do PSL, partido do presidente.
A coisa funcionaria assim: majoritário, o centrão se juntaria à minoria governista para aprovar o texto-base da medida provisória, ressalvados os artigos polêmicos. Em seguida, os partidos do centrão entrariam em obstrução, brecando a votação de emendas que visam desfazer a cirurgia plástica executada há quase duas semanas na comissão.
Chamadas tecnicamente de "destaques", as emendas são votadas separadamente. Numa delas, o partido de Bolsonaro propõe, por exemplo, a manutenção do Coaf na pasta da Justiça, sob os cuidados de Sergio Moro. Noutra, sugere retirar do texto da MP o jabuti que amordaçou os auditores da Receita, proibindo-os de comunicar ao Ministério Público a descoberta de crimes como lavagem de dinheiro e corrupção sem autorização judicial.
Vitaminado por sua aliança com a oposição, o centrão poderia simplesmente derrotar no voto, um a um, os "destaques" apresentados por deputados governistas. Mas o grupo prefere cruzar os braços numa obstrução. Sem votos, o Planalto teria de ordenar aos seus aliados a retirada dos "destaques". Do contrário, a medida provisória não poderia seguir para o Senado.
Se não for votada até o dia 3 de junho, a MP perderá a validade. Nessa hipótese, a Esplanada dos Ministérios voltaria a ter as mesmas 29 pastas que ornamentavam o organograma do governo de Michel Temer. O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho Zero Três do presidente, escreveu no Twitter que "ninguém vota pela criação de mais sete ministérios pensando no Brasil."
Com sua 'pegadinha', o centrão jogou a batata quente no colo do governo. Desistindo de restaurar o que foi modificado na comissão, o Planalto salva o texto que enxugou a Esplanada. Insistindo na votação dos "destaques", o governo enterra a medida provisória de Bolsonaro. Se a armadilha funcionar, o plenário da Câmara será convertido num ringue sui generis. Nele, o Planalto entra com a cara. O PSL, com os punhos. E o centrão se diverte no papel de plateia de um auto-espancamento.
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