'Se não quer carregar o piano, sai de cima’, afirma líder do PSL sobre DEM
Líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP) participa da organização dos atos pró-governo marcados para domingo. Afirmou que se trata de um "chamamento" para que a população monitore o comportamento dos congressistas. Acha que a gestão de Jair Bolsonaro está rodeada de "pseudoaliados". Incluiu no rol dos falsos apoiadores o DEM, partido que tem três filiados na Esplanada. Em entrevista ao blog, Olímpio referiu-se à legenda em timbre tóxico: "Se não quer ajudar a carregar o piano pelo menos sai de cima, não faz peso."
Para Olímpio, a trinca de ministros do DEM —Tereza Cristina (Agricultura), Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Onyx Lorenzoni (Casa Civil)— deveria pelo menos ajudar a "sensibilizar" os seus correligionários. Amigo de Bolsonaro, o senador afirmou que Onyx não realiza um bom trabalho como articulador político do Planalto. "Como vai dizer que está fazendo uma coordenação política ampla se nem dentro de casa faz a lição?", indagou.
Olímpio criticou também o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Insinuou que ele torna as coisas mais difíceis só para fazer pose de benfeitor do governo. "Muitas vezes ele poderia antecipar circunstâncias. E deixa quebrar o pau pra depois vir como salvador." Declarou que, "para arrumar atrito", Maia apegou-se a uma "postagem que teria sido inadequada" como pretexto para escantear o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO).
"Não era motivação para tanta desavença", afirmou o senador. Ele chamou de "jogo" a diferença de tratamento dispensado por Maia à líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), com quem o presidente da Câmara se dá muito bem. "É esse jogo que eu não acho bacaninha." Num instante em que cresce o movimento pela substituição de Vitor Hugo, Olímpio saiu em sua defesa: "Tem toda a confiança do presidente."
Perguntou-se ao líder do PSL o que deseja o centrão. Integrado por partidos como DEM, PP, PR, PSD, PRB e PTB, o grupo vem impondo ao governo derrotas em série no Legislativo. Abstendo-se de usar o termo "centrão", Major Olímpio afirmou: "Muitos partidos, no meu entendimento, estão tentando subjugar o presidente e o Executivo." Para o senador, o objetivo das legendas não é senão o de converter o presidente da República numa "figura decorativa."
Segundo Olímpio, muitos dos parlamentares que participam de articulações para derrotar o governo serviram-se do prestígio de Bolsonaro na campanha de 2018. Engalfinhavam-se para obter aparições ao lado do capitão nas redes sociais. Faziam junto com ele o gesto da "arminha" —polegar apontado para o alto, indicador esticado para a frente, simulando um revólver. Instado a citar os nomes dos traidores, o Major disse que "são muitos". Mas preferiu "não fulanizar". Apenas ameaçou: "Em determinado momento vou fazer isso dentro do plenário."
Major Olímpio compara o cenário inamistoso da campanha presidencial com a animosidade pós-eleitoral. "O Jair Bolsonaro tomou uma facada na barriga e quase morreu durante a campanha", declarou o senador. "Agora, toma uma punhalada por dia de pseudoaliados." Na opinião de Olímpio, quem sai derrotado é o país, não o presidente ou o governo. Daí a manifestação marcada para domingo.
O líder do PSL deseja que a sociedade interpele seus representantes sobre os motivos que os levam a votar pela retirada do Coaf das mãos do ministro Sergio Moro (Justiça). Ou a favor da emenda-jabuti que amordaçou auditores da Receita, impedindo-os de repassar para o Ministério Público, sem autorização judicial, dados sobre crimes não-tributários —corrupção e lavagem de dinheiro, por exemplo. Olímpio atribuiu a devolução do Coaf à pasta da Economia a uma "vingança" contra Moro e a Lava Jato. Quanto ao cerceamento dos auditores, avalia que se trata de uma tentativa de autoproteção.
Os apologistas de Bolsonaro irão às ruas no quinto mês de existência do governo. E Major Olímpio não exclui a hipótese de realização de novas manifestações, tantas quantas os apoiadores do presidente considerem necessárias. Perguntou-se ao senador se os atos em série não seriam comparáveis ao modelo adotado pela ditadura venezuelana. Ele refugou a comparação.
Não é o governo nem o presidente quem faz a convocação, disse Olímpio. Recordou-se ao entrevistado que Bolsonaro trombeteou a manifestação pró-governo nas redes sociais. E Olímpio: "Ele não pode ficar chateado de ter o carinho de segmentos da sociedade. Mas, muito propriamente, ele disse: 'Não vou participar. Recomendo aos meus ministros não participarem'."
Major Olímpio falou também durante a entrevista sobre a investigação que corre no Ministério Público do Rio de Janeiro contra o colega Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). Ele disse concordar com a tese do presidente da República segundo a qual seu filho primogênito sofre "perseguição" de gente interessada em atingir o pai-presidente e seu governo. "Não estou vendo equilíbrio" na investigação, disse o líder do PSL.
Recordou-se a Olímpio que a tese da "perseguição" é arroz de festa nos lábios de investigados. Coisa utilizada à larga inclusive pelo arquirrival PT. O senador disse esperar que o Zero Um disponha de elementos para refutar todas as acusações que rondam sua biografia. E admitiu: "Nesse momento, desgasta não só ele como pessoa, mas acaba desgastando, logicamente, o presidente da República por ser pai."
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