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Josias de Souza

Na Educação, Bolsonaro revela-se um ‘idiota útil’

Josias de Souza

31/05/2019 21h27

Numa entrevista à revista Veja, Jair Bolsonaro contou como foi o processo de escolha do colombiano naturalizado Ricardo Vélez para o posto de ministro da Educação. Disse o presidente: "Foi uma indicação do Olavo de Carvalho? Foi, não vou negar. Ele teve interesse, é boa pessoa. Depois liguei para ele: 'Olavo, você conhecia o Vélez de onde?'. 'Ah, de publicações.' 'Pô, Olavo, você namorou pela internet?'."

Foi assim, na galega, como se diz, que o capitão selecionou o primeiro titular da estratégica pasta da Educação. E não foi por falta de opção que Bolsonaro premiou a incompetência. Havia na praça uma fabulosa opção. O presidente cogitou a sério a hipótese de nomear Mozart Ramos, um educador de mostruário. Mas Mozart estava preocupado com a Educação, não com ideologia. Por isso, foi descartado.

Veléz caiu da poltrona com menos de três meses de governo. "Tive de dar uma radicalizada", declarou Bolsonaro. "Em conversas aqui com os meus ministros, chegamos à conclusão de que era preciso trocar, não se pode ter pena, e trocamos." Trocou, como se sabe, por Abraham Weintraub. Vem a ser outro adepto de Olavo de Carvalho, o bruxo que enfeitiça Bolsonaro desde a Virgínia, nos Estados Unidos.

Sob Vélez, dividido entre uma ala militar e uma banda de olavetes, o MEC brigava consigo mesmo. Sob Weintraub, a pasta da Educação dedica-se a guerrear contra estudantes e professores. Para usar uma terminologia que o próprio capitão transformou num lema dos novos tempos, Jair Bolsonaro administra o prioritário setor da Educação como um "idiota útil" a serviço do polemista Olavo de Carvalho.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.