Alvo da Lava Jato acode Sergio Moro no Senado
O perigo da meia verdade é a tentação de privilegiar a metade que não é verdadeira. Anunciada como gesto espontâneo, a decisão de Sergio Moro de comparecer ao Senado para prestar esclarecimentos resultou, na verdade, de uma operação de redução de danos articulada no próprio Senado pelo presidente da Casa, Davi Alcolumbre, e pelo líder do governo, Fernando Bezerra. Logo Bezerra, um alvo da força-tarefa da Lava Jato de Curitiba.
A oposição apresentaria requerimento de convocação de Moro na Comissão de Constituição e Justiça. A aprovação era tratada como favas contadas. Ao farejar o cheiro de constrangimento, Alcolumbre e Bezerra articularam com a oposição o comparecimento "espontâneo" de Moro. Consultado, o ex-juiz aquiesceu. Coube a Bezerra ornamentar a coreografia com uma carta endereçada a Alcolumbre.
No texto, Bezerra formaliza o "desejo" de Moro de esclarecer aos senadores o teor das mensagens eletrônicas que trocou com o procurador Deltan Dallagnol quando ainda era juiz na República de Curitiba.
"Manifestamos a nossa confiança no ministro Sergio Moro, certos de que esta será uma oportunidade para que ele demonstre a sua lisura e correção como juiz federal, refutando as críticas e ilações a respeito de sua conduta à frente da Operação Lava Jato", escreveu Fernando Bezerra.
Logo Bezerra, que há duas semanas foi atropelado por uma decisão do TRF-4, tribunal que julga as causas da Lava Jato, determinando o bloqueio de R$ 258 milhões em dinheiro ou bens do senador. Decisão tomada no âmbito de uma ação por improbidade movida pela força-tarefa de Curitiba.
Antes de se tornar líder de Bolsonaro, Bezerra foi apoiador do agora presidiário Lula, ministro da processada Dilma Rousseff e aliado do réu Michel Temer. Favorecido pelas circunstâncias, Bezerra tornou-se, por assim dizer, o cicerone de um Moro que migrou da condição de estilingue para o estágio de vitrine.
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