Capitão dá cabeça de general a Carlos e Olavo
Sob aplausos do polemista Olavo de Carvalho, o vereador carioca Carlos Bolsonaro derrubou mais um ministro. Influenciado pelas opiniões do filho, o presidente da República demitiu o general Carlos Alberto dos Santos Cruz do posto de ministro-chefe da Secretaria de Governo. É o segundo titular da pasta que o Zero Dois elimina em menos de seis meses. O primeiro foi Gustavo Bebianno. A diferença está no processo de cozimento. Bebianno virou carvão no micro-ondas. Santos Cruz foi dissolvido lentamente em banho-maria.
Para Carlos, Santos Cruz conspirava contra os interesses de Bolsonaro na área de comunicação, sob responsabilidade da Secretaria de Governo. Pelas contas do Zero Dois, o Planalto emprega nesse setor algo como 2 mil pessoas. Com toda essa mão de obra à disposição, dizia o vereador, Santos Cruz não conseguiu constituir nem mesmo um grupo capaz de trombetear os "feitos" do governo na internet. De resto, o general havia comprado briga com Olavo de Carvalho. E Carlos abomina qualquer desafeto do guru ideológico da família Bolsonaro.
O filho do presidente convenceu-se de que o governo do seu pai tem "feitos" a exibir. Culpava Santos Cruz por não levá-los à vitrine. Carlos encantou-se com o desempenho de Fábio Wajngarten, nomeado secretário de Comunicação da Presidência em abril. Dizia que o novo auxiliar aproximara Bolsonaro do povo ao negociar aparições dele em programas televisivos como os de Silvio Santos, Ratinho e Luciana Gimenez. Exergarva em Santos Cruz um estorvo para o desenvolvimento do trabalho de Wajngarten. Despejava sua insatisfação nos ouvidos do pai.
Para complicar, o general Santos Cruz saiu em defesa do pedaço fardado do governo Bolsonaro ao reagir aos ataques de Olavo de Carvalho contra os militares. Abespinhou-se sobretudo com as críticas de Olavo de Carvalho, o autoproclamado filósofo da Virginia, ao vice-presidente Hamilton Mourão. Chamou-o de desequilibrado. De repente, Carlos, Olavo e o séquito de ambos nas redes sociais juntaram-se para malhar Santos Cruz.
Enxergou-se nas entrelinhas de uma entrevista concedida pelo general em abril uma inexistente defesa de censura à internet. Santos Cruz limitara-se a dizer que as redes sociais exercem influência benéfica, desde que não sejam usadas como "arma da discórdia" por pessoas interessadas apenas em "tumultuar".
Num post cuja autoria foi atribuída pelos militares a Carlos Bolsonaro, o Twitter do presidente veiculou recomendação de "estágio na Coreia do Norte ou em Cuba" para pessoas que defendem o controle das redes sociais. No seu melhor estilo, Olavo de Carvalho também reagiu pelo Twitter. Golpeou o general abaixo da linha da cintura: "Controlar a internet, Santos Cruz? Controlar a sua boca, seu merda."
Atacado sem defesa do chefe, Santos Cruz cogitou deixar o governo há três meses. Foi demovido pelos colegas de caserna, sobretudo o vice Mourão, o ministro Augusto Heleno (GSI) e o ex-comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas. Deveria ter seguido sua intuição. Teria evitado um constrangedor banho-maria.
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