Silêncio do pai é mais alto que barulho de Carluxo
Jair Bolsonaro almoçou no Ministério da Defesa nesta terça-feira. Na entrada, um repórter tentou ouvi-lo sobre as críticas que seu filho Carlos Bolsonaro fizera na véspera ao general Augusto Heleno, ministro-chefe do GSI. O presidente atalhou a curiosidade do interlocutor: "Não, não, não. Pergunta pra ele". E interrompeu a entrevista.
Na véspera, plugado no Twitter, Carluxo enganchara num post alheio comentário sobre a prisão do sargento preso na Espanha com 39 kg de cocaína após desembarcar do avião de apoio à comitiva presidencial. Expressando-se num idioma muito parecido com o português, escreveu que dispensa a segurança dos agentes do GSI, porque estão subordinados a "algo que não acredito." Chama-se Augusto Heleno o "algo" de quem o Zero Dois desconfia.
Ao sair do almoço na pasta da Defesa, Bolsonaro foi indagado novamente sobre a manifestação do filho. Despediu-se apressadamente: "Até mais aí". Recusou a segunda oferta do dia para retirar o seu ministro e amigo da frigideira. Ironicamente, dessa vez o próprio general Heleno estava ao lado do chefe. Instado a rebater a crítica de Carluxo, o ministro soou curto: "Eu não!"
Bolsonaro dirigiu palavras de apreço a Heleno apenas em privado. Diante dos refletores, silenciou. O general talvez relute em admitir, mas sabe que foi lançado na frigideira. Conhece o processo de fritura, pois já assistiu à demissão de colegas submetidos ao mesmo suplício —o último foi o general Santos Cruz, afastado da pasta da Secretaria de Governo quando já estava bem passado.
A coisa funciona assim: Carluxo risca o fósforo, a milícia eletrônica joga gasolina e o presidente deixa que o auxiliar queime na própria gordura durante um período. Enquanto a frigideira arde, Carluxo expõe a fumaça na vitrine das redes sociais. Nesse crematório de reputações, o silêncio do presidente fala mais alto do que todo o barulho que Carluxo é capaz de fazer. O caso parece ser menos de governo do que de psiquiatria.
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