Faltam bicos e plumas no caso do cartel do metrô
Com seis anos de atraso, o Cade condenou a multinacional francesa Alstom e outras dez empresas por formação de cartel em obras de trens e metrô, a maior parte em São Paulo. O conluio começou em 1998 e foi até 2013. Nesse período, passaram pelo Palácio dos Bandeirantes os tucanos Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin. Pode-se acreditar que não soubessem de nada. Mas essa suposição dá aos gênios tucanos a mesma aparência atoleimada que grudou na face de Lula depois que ele disse que "não sabia" do mensalão.
Quem quiser, pode acreditar também que não havia do lado de dentro do balcão de sucessivos governos tucanos a mão invisível que apalpava a propina. Mas seria necessário admitir a existência de algo que não existe: a corrupção de mão única. Do lado dos fraudadores, além das empresas, foram à grelha 42 funcionários das empresas, entre executivos e engenheiros. A multa imposta às logomarcas R$ 515,59 milhões. Delatora da encrenca, a alemã Siemens foi excluída do rol de punidos. A multa dos funcionários somou R$ 19,5 milhões.
A punição do Cade (Conselho de Administração de Defesa Econômica) tem valor apenas administrativo. Quem cuida da responsabilização penal é o Ministério Público. Estima-se que já receberam algum tipo de pinição 14 pessoas. Ganha um ano de viagens gratuitas no metrô quem souber recitar um nome. Não resta senão concluir que faltam bicos e plumas no caso do cartel.
Quando o escândalo explodiu, foi visto como uma versão sobre trilhos do petrolão, em escala reduzida. O PT acusava o PSDB de proteger os seus corruptos. O tucanato respondia que o hábito de blindar larápios era especialidade do PT. O tempo se encarregou de demonstrar que os dois lados estavam certos. Isso ajuda a entender o porquê de Jair Bolsonaro ter virado presidente da República.
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