FHC sobre Aécio: ‘Jogá-lo às feras é oportunismo’

O diretório de São Paulo do PSDB mal pediu a expulsão de Aécio Neves dos quadros partidários e Fernando Henrique Cardoso já saiu em defesa do correligionário tóxico. O grão-mestre do tucanato anotou no Twitter que "jogar filiados às feras, (…) sem esperar decisão da Justiça, é oportunismo sem grandeza. Não redime erros cometidos nem devolve confiança."

Há dois meses, o PSDB elegeu uma "nova" Executiva nacional. Trombeteou-se que o ninho viveria uma fase de "renovação". Aprovou-se um "novo" código de ética. Prevê a expulsão de filiados às voltas com encrencas criminais. Mas anota que o expurgo só ocorrerá após condenação em última instância. A regra fica devendo à jurisprudência em vigor no Supremo, que prevê a prisão em segunda instância.

Ou seja: Réu numa ação penal e protagonista em nove inquéritos, Aécio irá em cana se for condenado por um tribunal de segundo grau. Mas continuará aninhado nos quadros do PSDB. Na véspera da manifestação de FHC, o prefeito tucano de São Paulo, Bruno Covas disse que já não suporta o convívio com Aécio: "Ou eu ou ele. É um ou outro."

A despeito da juventude, Bruno Covas exibe tardiamente uma reação de quem já se deu conta de que a oxidação da biografia de Aécio tornou-se um processo de corrosão do PSDB. Apesar de toda a sua vivência, FHC ainda não notou uma evidência singela: ninguém se afoga por cair na água, mas por permanecer lá. Num gesto temerário, FHC joga-se na correnteza para abraçar um afogado. Corre o risco de afundar junto.