Guerra China X EUA complica desafio do Brasil
Tudo parecia caminhar bem. Aos trancos, o governo se esforça para ajustar as suas contas, o Banco Central se empenha para calibrar a taxa de juros e o Congresso, de volta das férias, retoma a análise de reformas como a da Previdência e a tributária. De repente, acirrou-se a guerra comercial entre China e Estados Unidos. Essa guerra parece longínqua. Mas não é. Ela potencializa o nosso desafio, dificultando a retomada do crescimento econômico no Brasil.
Ao acenar com a imposição de tarifas a todos os produtos de origem chinesa, Donald Trump esperava que Pequim dobrasse os joelhos. Ao desvalorizar sua moeda para amortecer o impacto dessa investida protecionista de Washington, a China sinalizou a intenção de resistir. Prolongando-se esse embate entre as duas maiores economias do planeta, a tendência é de redução do crescimento mundial.
Contra esse pano de fundo, cria-se um ambiente ainda mais difícil para países como o Brasil. Mantida a guerra, devem cair a médio prazo os preços das commodities agrícolas, em prejuízo das exportações brasileiras. A atmosfera de incerteza deve retrair o ânimo de investidores estrangeiros para correr riscos em mercados como o do Brasil.
Em respeito aos quase 30 milhões de brasileiros que estão desempregados, desalentados ou sub-remunerados, resta às autoridades e aos agentes políticos agir com extrema responsabilidade. Não é admissível que o Congresso retarde a mexida na Previdência para exigir benesses. Não é tolerável que Câmara, Senado e governo demorem a unificar seus projetos de reforma tributária. Não é concebível que Jair Bolsonaro continue criando crises do nada. A hora é de fazer política, não politicagem.
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