Loucura ambiental vive a fase de rasgar dinheiro
"Podem fazer bom uso dessa grana, o Brasil não precisa disso", declarou Jair Bolsonaro ao ser indagado sobre a decisão do governo da Alemanha de suspender o repasse de R$ 150 milhões que seriam destinados a projetos de proteção da floresta amazônica. Em mais uma evidência de que a locura ambiental tem razões que a sensatez desconhece, o capitão soltou fogos. Para ele, a Alemanha "não vai mais comprar a Amazônia, vai deixar de comprar à prestação a Amazônia."
A decisão da Alemanha é decorrência da aparente despreocupação do governo com a elevação do desmatamento na Amazônia. Dados do Inpe apontam indícios de que, na comparação com junho e julho de 2018, o tombamento da floresta aumentou respectivamente 88% e 278% nos mesmos meses em 2019. O governo desqualifica os dados científicos. E não esboça reação contra o flagelo ambiental.
O gesto alemão é café pequeno perto do que está por vir, pois a administração Bolsonaro ergue barricadas contra o Fundo Amazônia, maior projeto de cooperação internacional já concebido para preservar a floresta amazônica. Em uma década, o fundo recebeu doações de R$ 3,4 bilhões. A Alemanha também contribuiu, mas o grosso (93%) veio da Noruega. Dinheiro a fundo perdido, sem a necessidade de ressarcimento.
O Fundo Amazônia subiu no telhado depois que o ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) passou a questionar a gestão dos recursos, feita sob a supervisão do BNDES. Salles diz coisas definitivas sem definir muito bem as coisas. E os financiadores ameaçam bater em retirada. Para satisfação de Bolsonaro, que logo convocará os refletores para repetir: "O Brasil não precisa desse dinheiro".
O governo do capitão não chega a negar a escalada do desmatamento. Apenas alega que uma orquestração das imagens de satélite e dos cientistas do Inpe, mancomunados com a mídia comunista, trata a encrenca com alarmismo. Não se enxerga, porém, nenhuma "orquestra" em cena. O que há é gente colocando a boca no trombone para realçar a maluquice de um governo cujo Ministério do Meio Ambiente descuida do ambiente inteiro.
Além de refugar o auxílio financeiro internacional, o governo do capitão anuncia a intenção de contratar um novo sistema de aferição do desmatamento. Sem uma demonstração cabal de que o monitoramento do Inpe produz dados "mentirosos", como alega Bolsonaro, gastar dinheiro público para atestar mais do mesmo não é senão uma variação do costume atribuído aos loucos de rasgar dinheiro.
O problema é que os doidos ambientais picotam verbas que a Receita Federal arranca na marra dos brasileiros antes de chamá-los indevidamente de "contribuintes". Num ambiente assim, só não reconhecem que o governo está mesmo meio doido as pessoas que estão inteiramente malucas.
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