Governo alternativo do capitão atrapalha o oficial
Há dois governos em Brasília, o alternativo e oficial. Num, Jair Bolsonaro comanda o departamento de efeitos especiais. Noutro, o ministro Paulo Guedes e sua equipe se esforçam para que não desande no Congresso a agenda sobre os problemas do Brasil real. Tasso Jereisssati, relator da reforma da Previdência no Senado, pede a Bolsonaro que se cale. Rodrigo Maia, já habituado à verborragia presidencial, cuida de colocar em pé uma reforma tributária predominantemente do Legislativo.
No governo dos efeitos especiais, Bolsonaro trata de tudo o que não faz sentido: da influência do funcionamento do intestino na preservação do meio ambiente à interferência nos assuntos eleitorais da Argentina; da defesa do fim dos radares nas rodovias à nomeação do filho despreparado para a embaixada em Washington. No governo do mundo real, Guedes pede "um pouco de paciência" às vítimas da ruína econômica.
O vaivém errático de Bolsonaro dá ao governo tocado por Guedes uma aparência de falta de rumo. A movimentação do ministro da Economia e do Congresso é um esforço para fazer com que o país saia do buraco em vez de continuar jogando terra em cima de si mesmo. O ano de 2019 já está comprometido com a mediocridade. Tenta-se salvar 2020. O silêncio de Bolsonaro ajudaria. Mas ele não virá.
O presidente da República parece determinado a empurrar para dentro da agenda do país todos os rancores que acumulou nos 28 anos que frequentou o baixo clero da Câmara. Por sorte, Paulo Guedes e o Legislativo se convenceram de que as únicas contas que precisam ser ajustadas são as contas públicas do Brasil real.
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