Preferido de Bolsonaro, Macri vira uma caricatura
Em desespero, o presidente argentino Mauricio Macri trocou seu liberalismo de meia-tigela por um populismo escancarado. Derrotado nas prévias presidenciais do final de semana, Macri baixou um pacote eleitoreiro que será 100% financiado pelo déficit público. Há quase tudo no pacote de Macri, menos responsabilidade e bom senso, dois ingredientes indispensáveis à economia do vizinho, que está em frangalhos.
Ao adotar providências tão paradoxais como o aumento do salário mínimo e o corte de impostos, o congelamento da gasolina e a elevação de benefícios sociais, Macri tornou-se uma caricatura de si mesmo, um personagem de desenho animado —do tipo que fica sem chão, continua caminhando no vazio e só cai quando olha para baixo e se dá conta de que está pisando o nada.
A falta de rumo de Macri reforça a impressão de que é grande o risco de os argentinos trocarem o muito ruim pelo bem pior, elegendo em 27 de outubro o oposicionista Alberto Fernández, que emergiu das prévias com uma vantagem de 15 pontos sobre o rival. Fernández carrega na vice Cristina Kirchner, com seu rastro pegajoso de corrupção e incompetência.
Para complicar, Jair Bolsonaro enfiou o Brasil na encrenca da Argentina. Tomou o partido de Mauricio Macri. Com isso, na briga entre Macri e a chapa kirchnerista, o Brasil pode entrar com o bolso. Bolsonaro potencializou um prejuízo que já seria grande. Se vencer Alberto Fernández, o diálogo com o Brasil será zero. E o recém-celebrado acordo do Mercosul com a União Europeia subirá no telhado. Bolsonaro ainda não se deu conta. Mas um Estado nacional não tem amigos, tem interesses. O capitão não soube zelar pelo interesse do Brasil na Argentina.
— Atualização feita às 22h54 desta quarta-feira (14/8): Apenas 11 horas depois de anunciar o seu pacote, Mauricio Macri voltou atrás num dos itens mais constrangedores do embrulho: o congelamento do preço dos combustíveis. Não desistiu da medida. Alega que precisa negociar com as petrolíferas, que chiaram.
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