Delação de Palocci espanta pela falta de resultado
O conteúdo da delação de Antonio Palocci é espetacular. Tão fabuloso que espanta pela ausência de resultados. O lixão exposto pelo ex-homem forte do petismo seria suficiente para iniciar uma nova Lava Jato. Entretanto, as únicas consequências obtidas até aqui foram:
1) O aprofundamento da desmoralização do PT.
2) A comprovação de que Palocci é um corrupto de mostruário.
3) A constatação de que o larápio já usufrui dos benefícios da delação.
Exceto pelos benefícios exorbitantes concedidos ao delator, é pouco, muito pouco, quase nada. Sobretudo quando se considera que ninguém mais duvida da desqualificação do PT. Também não há na praça quem se disponha a levar a mão à grelha por Palocci.
O petismo nunca soube reagir à delação companheira de Palocci. Difícil desvincular-se do ex-coordenador das campanhas de Lula e Dilma, ex-czar da Economia; ex-chefão da Casa Civil. Mas a penúltima manifestação da legenda, por desconexa, foi especialmente inusitada. Vale por uma confissão.
"Nada que Antonio Palocci diga sobre o PT e seus dirigentes tem qualquer resquício de credibilidade", escreveu o partido. Por quê? O dedo-duro "negociou com a Polícia Federal, no âmbito da Lava Jato, um pacote de mentiras para escapar da cadeia e usufruir de dezenas de milhões em valores que haviam sido bloqueados".
Ora, se o companheiro soltou a língua para desbloquear "dezenas de milhões" é porque roubou em proporções amazônicas. Se assaltou à larga, foi porque converteu os governos petistas em milhões de oportunidades. Quer dizer: de acordo com a versão oficial do PT, roubou-se às escâncaras sob Lula e Dilma.
A força tarefa de Curitiba sempre torceu o nariz para a delação de Palocci. Os procuradores achavam que o companheiro chovia no molhado. Dizia mais do mesmo. E não merecia nenhum prêmio judicial. A Polícia Federal discordou dos procuradores. Colheu os depoimentos de Palocci.
De duas, uma: ou vem por aí uma tempestade de gelar os ossos da oligarquia corrupta ou o delator se absteve de anexar provas ao palanfrório. Na dúvida, Palocci não deveria estar desfrutando das delícias do regime aberto. Se prevalecesse o bom senso, ficaria em cana até que sua "colaboração" resultasse em punições compatíveis com a recompensa.
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