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Josias de Souza

Por Aécio, PSDB vai da desfaçatez à insensatez

Josias de Souza

21/08/2019 23h33

A Executiva Nacional do PSDB reuniu-se para analisar dois pedidos de expulsão do encrencado Aécio Neves. Rejeitou ambos de uma tacada. Compareceram 35 tucanos. Por um placar de 30 votos a 4, decidiu-se manter Aécio nos quadros da legenda. Houve uma abstenção. Repetindo: Aécio prevaleceu com os votos de 85,7% dos membros da Executiva.

Empossada em 1º de junho, a Executiva tucana conduz um hipotético plano de revitalização do PSDB. Na véspera, o governador paulista João Doria, principal alternativa presidencial do tucanato, dissera o seguinte: "Defendo que o deputado Aécio Neves se afaste do PSDB ou seja afastado". Faltou combinar com o resto do ninho.

Aliviado, Aécio declarou que é "hora de todos nós lambermos as feridas e olharmos para frente". Deseja "menos rancor no coração e mais amor a se distribuir a todos". No PSDB, como se vê, amar não é coisa para amadores. Vencido, Doria escreveu no Twitter: "O derrotado, nesse caso, não foi quem defendeu o afastamento de Aécio. Quem perdeu foi o Brasil". Engano.

Até aqui, o convívio do PSDB com o mau cheiro era apenas uma desfaçatez. Com a decisão da Executiva, a coisa evoluiu para o estágio da insensatez. O tucanato foge do fedor abraçado ao gambá. Perde sozinho. Com fome de limpeza, o Brasil faz cara de nojo. Desligado da tomada na última disputa presidencial, o PSDB faz uma opção preferencial pelo suicídio.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.