Capitão submete meio ambiente à lógica do caos
Depois de difamar ONGs, Jair Bolsonaro desperdiçou o tempo de governadores da região amazônica, chamados a Brasília para uma reunião, com o que chama de "indústria da demarcação de reservas indígenas". Se atrasarmos o relógio, veremos que essa é uma obsessão antiga. A reserva Yanomami, citada pelo presidente, foi homologada em 1992. Num pronunciamento de 1995, o então deputado Jair Bolsonaro disse o seguinte:
"Com a indústria da demarcação das terras indígenas, assim como Quebec quase se separou do Canadá, num curto espaço de tempo, os Yanomamis poderão, com o auxílio dos Estados Unidos, vir a se separar do Brasil". Já lá se vão 24 anos. E a realidade que Bolsonaro previa para um "curto espaço de tempo" ainda não chegou.
Os Yanomamis continuam sob o descaso do Estado brasileiro, com as terras submetidas aos mineradores ilegais. Os Estados Unidos ainda não invadiram a Amazônia. Agora eles são mocinhos. Donald Trump alia-se a Bolsonaro numa guerra de tuítes contra o neocolonizador francês Emmanoel Macron.
Simultaneamente, o Brasil vive o caos ambiental. O governo afrouxa a fiscalização, facilitando a vida de criminosos. Com o Tesouro quebrado, o presidente esnoba doações de nações ricas. Rasga radiografias do Inpe em vez de combater o câncer florestal. Culpa ONGs pela doença. Retratato como um vexame planetário, o Brasil mobiliza suas forças armadas para fazer por pressão o que deixou de fazer por obrigação.
Esse modelo decisório caótico é tão lógico que, se Bolsonaro fosse uma dona de casa, guardaria açúcar numa lata de sal na qual estaria escrito café.
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