Queda de Marcos Cintra abre a crise do Plano B
O Plano A era recriar a CPMF sob o argumento de que o gambá retirado da cartola viraria um lindo coelhinho quando fosse apresentado como alternativa à desoneração da folha salarial. O Plano B era, era, era… Hummmmm… Não havia Plano B.
Deputado, Jair Bolsonaro esculhambara a CPMF. "Uma desgraça", dizia. Coisa de "cara de pau", enfatizava. Candidato, o capitão havia jurado que jamais admitiria a volta da encrenca caso fosse eleito.
Ainda assim, Paulo Guedes e seus estrategistas não tinham pensado na possibilidade de o Plano A não dar certo. Demitido da chefia da Receita, Marcos Cintra, o apologista da CPMF, reforça a ausência de um plano de contingência.
Segundo Cintra, a volta da CPMF "é a única alternativa viável de fazer a desoneração da folha". Aposta que Guedes e sua equipe terão de ressuscitar o defunto, ainda que "de maneira modificada, atenuada e mais gradativa."
Paulo Guedes encomendou estudos novos aos sobreviventes de sua equipe. Improvisa-se uma alternativa em cima do joelho. Quem dá ouvidos a Marcos Cintra fica tentado a concluir que o Plano B de Guedes é a versão atenuada do Plano A.
Consiste em oferecer ao brasileiro um sacrifício à vista —a mordida do imposto seminovo— e um benefício a prazo —a hipotética criação de empregos que resultaria da desoneração da folha.
Antes de ser deposta e de virar cuidadora de netos, Dilma Rousseff tentou executar o pedaço final da mágica. Mas o gambá da época (renúncia fiscal, sem novo imposto para compensar) não virou coelho. A fila do desemprego continuou crescendo.
Parece incrível que ninguém tenha previsto na pasta da Economia que Bolsonaro poderia, em algum momento, interditar a recriação de um tributo que sempre abominou. O capitão telefonou do hospital para dizer que não queria a CPMF, contou Guedes a jornalistas estrangeiros.
Faltou na equipe do ministro da Economia uma criança de cinco anos para prever o que poderia acontecer. A mesma criança constataria que, em matéria tributária, o governo está desnorteado.
Há no Congresso duas propostas de reforma tributária. Nenhuma delas traz as digitais do governo. Na Câmara, corre o projeto do deputado Baleia Rossi (MDB-SP), elaborado a partir de estudo coordenado pelo economista Bernardo Appy. No Senado, tramita proposta elaborada sob a coordenação do ex-deputado Luiz Carlos Hauly.
Com oito meses e meio de existência, tudo o que o governo conseguiu exibir em termos tributários foi uma crise do Plano B. Quando o capitão declarou que encontrara um Posto Ipiranga para abastecer sua ignorância econômica, não se imaginou que faltaria combustível tão cedo.
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