Propaganda sobre pacote de Moro chega tarde
A solenidade de lançamento da campanha publicitária sobre o pacote anticorrupção e anticrime organizado de Sergio Moro ocorreu numa conjuntura crivada de ironias. A primeira ironia é que o governo tenta esboçar o futuro do combate ao crime numa hora em que o Supremo Tribunal Federal se ocupa de desfazer sentenças passadas. Ao discursar, Bolsonaro privilegiou a segurança pública, não a corrupção. E rendeu homenagens aos policiais que matam mais. Moro, sem desprezar o tema da violência, deu ênfase à necessidade de aprimorar o combate à corrupção.
A campanha do governo fala de mudanças legislativas para melhorar ações futuras. O problema é que a recente decisão do Supremo de reconstituir o passado de sentenças já julgadas transforma a campanha oficial num novo exemplo de dinheiro público jogado pela janela. E faz de Sergio Moro um orador de conversa mole.
Os planos que o ministro pretendia aprovar no Congresso em seis meses tornam-se ainda mais oníricos quando se recorda que o seu chefe é um presidente da República cujo filho, Flávio Bolsonaro, foi superblindado por duas liminares do Supremo, uma do ministro Dias Toffoli, outra de Gilmar Mendes. Liminares que suspenderam processo em que o primeiro-filho era investigado por suspeita de peculato e lavagem de dinheiro.
Num cenário assim, o presidente tende a se aliar ao bloco de culpados e cúmplices do Congresso que esvazia o pacote de Moro e trama para desligar investigações da tomada. Para retirar o seu projeto do limbo, Moro teria de dialogar no Congresso com gente que merece interrogatório, não diálogo. Isso num momento em que a atuação do próprio ministro como ex-juiz da Lava Jato está sob questionamento. Num ambiente assim, é impossível ser otimista em relação ao futuro do combate à corrupção no Brasil.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.