Divisão do PSL eleva poder de Maia e centrão
Num instante em que Jair Bolsonaro dedica-se a estilhaçar a unidade do seu PSL, o ministro Paulo Guedes (Economia) negocia com o Congresso a pauta de propostas econômicas para a fase posterior à reforma da Previdência. Dissemina-se entre os líderes partidários a avaliação de que o racha no PSL deixará o governo ainda mais dependente do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e das legendas que integram o chamado centrão.
Guedes reuniu-se nesta quinta-feira com Maia e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Conversaram sobre a pauta de propostas econômicas para a fase posterior à reforma da Previdência, prestes a ser concluída no Senado. Planejam fazer avançar pelo menos três temas encrespados: reforma administrativa, reforma tributária e revisão do chamado pacto federativo. Guedes revelou interesse por um quarto item: redução das despesas lançadas como obrigatórias no Orçamento da União. O ministro ficou de entregar suas propostas até a semana que vem.
Em conversa com o blog, um líder de partido do centrão ironizou a posição de Bolsonaro. Na noite de quarta-feira, disse ele, todos imaginavam que o presidente rodava o filme 'PSL em Transe'. Na manhã de quinta, prosseguiu o líder, descobriu-se que o título do filme era outro. Algo como 'Querida, encolhi minha autoridade…'
Na fita sobre o transe partidário, que ficou pela metade, Bolsonaro exibiria musculatura política, acomodaria o filho Eduardo na liderança do PSL e iniciaria um processo de ocupação que levaria à chave do cofre da legenda. No filme sobre o encolhimento da autoridade presidencial, que acabou prevalecendo, o capitão foi grampeado pedindo apoio para destituir o líder do seu partido, o Zero Três foi derrotado. Pior: o líder que se pretendia destituir, Delegado Waldir, foi gravado chamando Bolsonaro de "vagabundo" e prometendo "implodir o presidente".
Antes, os 53 deputados do PSL fechavam com o Planalto. Os votos da legenda funcionavam como um "colchão de segurança" para o governo. Agora, o presidente desperdiça tempo e energia numa articulação para obter o apoio dos 27 deputados necessários à ascensão do filho ao posto de líder. Se conseguir, terá de administrar uma bancada em pé de guerra. Se perder, a autoridade presidencial vai caber numa caixa de fósforos.
Em qualquer hipótese, Bolsonaro estará mais dependente do centrão e de Rodrigo Maia, líder informal do grupo. Dito de outro modo: quem ditará a ordem, o ritmo e o preço das votações serão Maia e os líderes da banda arcaica do Legislativo.
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