Novidade no BNDES: Entrevista sem pergunta!
De passagem por Washington, o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, encontrou-se com investidores estrangeiros. Ao discursar, enalteceu a transparência do banco que dirige. Disse que é preciso tratar a "transparência como cultura, não como obrigação." O BNDES "deve querer ser transparente", ele esclareceu. Em seguida, ao se deparar com os repórteres, Montezano revelou-se um personagem muito criativo. Criou a transparência opaca, isenta de limpidez.
"Eu falo com quem garantir que não vai perguntar", declarou o presidente do BNDES aos repórteres. Ele não queria falar sobre uma demissão ocorrida na véspera. O conselho de administração do BNDES colocou no olho da rua André Laloni, diretor da estratégica área de Mercado de Capitais. Alertado para o fato de que uma das funções do repórter é perguntar, Montezano abespinhou-se. E foi embora. Voltou em seguida. Fez uma declaração. Disse que a demissão é "algo normal", nada que mereça preocupação. E ponto.
Não foi por falta de assunto que Montezano se absteve de falar. Ele assumiu o comando do BNDES depois que Bolsonaro eletrocutou Joaquim Levy, o presidente anterior. Uma de suas prioridades é vender as ações de empresas que estão na carteira do banco. E o diretor que caiu, André Laloni, tinha divergências quanto à melhor forma de passar as ações adiante. Sócios involuntários do BNDES, os brasileiros em dia com o Fisco têm o direito de saber que divergências são essas.
Montezano talvez preferisse que os repórteres fossem mais solidários. Mas a única solidariedade que se deve exigir de um repórter é com o seu público, a quem ele deve a obrigação de informar sobre a estupidez humana. Não fosse pelos repórteres, a falta de transparência não deixaria vestígio.
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