Governo negociou ovos que a galinha não botou
O governo administrou o leilão de petróleo realizado nesta quarta-feira com exacerbado otimismo. Cacarejou os ovos antes que a galinha os botasse. Pior: fritou os ovos inexistentes e serviu 30% da proteína a governadores e prefeitos, 15% para cada. Isso compôs a negociação para aprovar no Congresso o chamado novo pacto federativo. Em vez de R$ 106,5 bilhões, arrecadaram-se no leilão R$ 69,9 bilhões. É um recorde. Mas houve uma frustração de receita de R$ 36,6 bilhões.
O leilão não foi "mega", como se anunciava. As grandes petroleiras internacionais não deram as caras. Não houve competição —ágio zero. A Petrobras respondeu por 90,2% de toda a arrecadação. Das quatro jazidas ofertadas, só duas foram arrematadas. Sozinha, a estatal brasileira comprou uma área (Itapu). Levou a outra (Búzios) em sociedade com duas companhias chinesas (CNODC e CNOOC), que entraram com participações mixurucas: 5% cada uma. A soma de decepções resultou numa grande frustração.
Os técnicos começam a procurar os erros. Avalia-se que o governo foi com muita sede ao pote de óleo. Puxou para cima o bônus que as empresas precisam pagar na assinatura dos contratos. E deixou em aberto a cifra que terá de ser desembolsada pelos compradores depois da assinatura dos contratos, para compensar a Petrobras pelos investimentos que realizou nas áreas oferecidas. Dinheiro de investidor não gosta de interrogações.
O governo agora terá de recalibrar suas contas antes de levar novamente a leilão as duas jazidas que sobraram: Sépia e Atapu. Na seara política, os operadores de Brasília serão reconvocados à mesa para discutir o pacote de reforma do Estado que o ministro Paulo Guedes acaba de anunciar. Os negociadores terão de realizar a mágica de desfritar ovos.
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