Bolsonaro produz desastre ambiental com esmero
Há 11 anos não se via tamanha destruição na Amazônia: 9.762 km² de devastação, aumento de 29,5% em relação aos 12 meses anteriores. O último descalabro semelhante é de 1998, quando o desmatamento crescera 31%. Não se chega a um resultado como esse por acaso. No atual governo, graças às declarações feitas por Jair Bolsonaro sobre meio ambiente, bem cedo foi possível perceber que já era muito tarde. No combate aos crimes ambientais, o governo subverteu até o brocardo. Seu lema é: Nunca deixe para amanhã o que você pode deixar hoje.
Bolsonaro assegurou desde o início que não havia problemas ambientais no Brasil. Tudo não passava de um complô do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) com ONGs, mancomunadas com a imprensa comunista; com os governos da Noruega e da Alemanha, que escondiam segundas intenções atrás de doações bilionárias; e com o presidente francês Emmanoel Macron que, além de não ter competência para arrumar uma mulher bonita como a Michelle, trama contra a soberania do Brasil na floresta. Isso não tinha como acabar bem.
Apenas para efeito de raciocínio, suponha que a (i)lógica de Bolsonaro para a setor ambiental fosse aplicada na área econômica. O presidente passaria a questionar os dados oficiais sobre o déficit público, colocaria em dúvida a existência de um rombo na Previdência Social, ordenaria o afrouxamento dos mecanismos de controle dos gastos. Aplaudiria os gestores dos ministérios que torrassem verbas públicas de costas para o teto dos gastos e a Lei de Responsabilidade Fiscal. Mal comparando foi o que aconteceu no Meio Ambiente.
Além de questionar dados cientíticos do Inpe, Bolsonaro avalizou o esvaziamento da fiscalização, desautorizou fiscais do Ibama, rasgou bilhões em doações internacionais, revogou decreto que proibia o plantio de cana na Amazônia e trombeteou a intenção de legalizar garimpos ilegais até em reservas indígenas. A má notícia é que o ruim vai se tornar pior, pois o governo não exibe capacidade para construir o que destruiu. Pior: Bolsonaro e Ricardo Salles, seu antiministro do Meio Ambiente, ainda não enxergam culpados no reflexo do espelho.
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