No voto de Toffoli, Saci-Pererê tem múltiplas pernas
O ministro Dias Toffoli começou com dois pés esquerdos a leitura do seu voto no caso sobre o repasse de dados sigilosos de órgãos de controle como o Coaf para o Ministério Público. Depois de congelar em todo país processos recheados com dados repassados pelo Coaf sem autorização judicial, entre eles o inquérito contra Flávio Bolsonaro, Toffoli chamou de "lendas urbanas" as interpretações derivadas da liminar que ele esculpiu em julho.
Na leitura da primeira parte do seu voto, o presidente do Supremo Tribunal Federal produziu duas pérolas. Numa disse: "Aqui não está em julgamento o senador Flávio Bolsonaro". Noutra declarou que "poucos processos" foram paralisados por sua decisão, acusando seus críticos de tentar criar um "clima de terrorismo".
Foi graças a um habeas corpus da defesa de Flávio Bolsonaro que Toffoli enfiou o Coaf dentro de um processo que envolvia apenas a Receita Federal. Foi por conta do mesmo recurso que Toffoli congelou o inquérito que corre contra o filho do presidente e outros 935 processos fornidos com dados do Coaf.
Toffoli jura que o vínculo do filho do presidente com o processo, assim como o Saci-Pererê, jamais existiu. Mas o advogado de Flávio Bolsonaro está presente na sessão da Suprema Corte. Assim como as autoridades que cuidam dos outros 935 processos travados por Toffoli, o defensor do Zero Um esfrega as mãos na perspectiva de que o caso do seu cliente seja anulado.
Quer dizer: Ao contrário do saci, o interesse dos encrencados é real e tem múltiplas pernas. Dependendo da decisão a ser tomada pelo Supremo, o Coaf é que pode sair do julgamento como uma "lenda urbana", um órgão de controle mudo e sem pernas.
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