Fundo eleitoral de R$ 3,8 bi é teste de resistência
A Comissão de Orçamento do Congresso aprovou versão preliminar do relatório que eleva de R$ 2 bilhões para R$ 3,8 bilhões o fundo que custeará a eleição municipal de 2020. A coisa passou em votação simbólica, sem que deputados e senadores precisassem levar a cara à vitrine.
Às claras, o avanço sobre o bolso do contribuinte seria apenas vergonhoso. No escurinho do voto simbólico, a vergonha se transforma num desafio à paciência alheia. É uma espécie de teste de resistência para verificar qual é a capacidade limite do saco nacional.
Mal comparando, é como se os parlamentares, num retorno à infância, brincassem de soprar balões para descobrir qual é o ponto exato de ruptura que antecede a explosão.
O deputado Rodrigo Maia, presidente da Câmara, declarou: "Nas democracias, as eleições precisam ser financiadas, e o financiamento privado está vedado. É preciso construir no financiamento público…"
Justo, muito justo, justíssimo. Mas não precisa tratar verba pública como se fosse dinheiro grátis. Rodrigo Maia reconheceu: "Tem que verificar o valor e de onde virá o recurso, para que a sociedade compreenda, com o mínimo de desgaste possível para o Congresso".
Considerando-se que as eleições gerais de 2018 custaram R$ 1,8 bilhão e que o Tesouro Nacional está quebrado, o desgaste de destinar de R$ 3,8 bilhões para o custeio da eleição de prefeitos e vereadores será máximo.
Quem já encheu balões na infância sabe que o ponto exato de ruptura só costuma ser descoberto quando não adianta mais nada.
Num cenário em que o desemprego se mistura ao desamparo social, a pretensão de elevar o fundo eleitoral para R$ 3,8 bilhões revela que os congressistas buscam obstinadamente o ponto de ruptura. Ainda não notaram que o saco nacional já está cheio.
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