Inflação puxada pela carne produz ruído político
A inflação registrou alta em novembro (0,51%). É o pior índice para um mês de novembro desde 2015. A principal causa é a disparada do preço da carne. Do ponto de vista econômico, é uma luz amarela que não chega a assustar, pois a inflação ainda está bem abaixo da meta anual. Mas em termos políticos, a subida da inflação introduz um ruído incômodo no painel de controle do governo.
A inflação corresponde, em economia, ao que os psicanalistas chamam de carência. É como se a pessoa tivesse excesso de uma coisa que lhe falta. Por exemplo: Muitos brasileiros, desempregados, têm excesso de vontade de comer carne. Mas falta-lhes o dinheiro para saciar essa carência de proteína animal.
Com a alta extraordinária do preço da carne, o fenômeno da carência invade a classe média. E não é só a carne que sobe. O bolso é acossado em várias frentes. Sobem da conta de luz ao preço da gasolina. Essa variação da inflação pra cima tem potencial para alterar o humor do brasileiro. O mau humor costuma se voltar contra os governantes. A proporção do estrago será medida nas próximas pesquisas de opinião.
Em termos práticos, não há muito o que o governo possa fazer além de apressar o passo da recuperação da economia, que se move numa velocidade incompatível com as carências do brasileiro, um sujeito com excesso de vontades reprimidas. Esse ambiente não combina com o ânimo de Jair Bolsonaro, que transfere as reformas pós-Previdência do forno para o freezer. A hora é de esquentar as atividades, não de congelar.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.