Graças ao prestígio, Moro foi da frigideira à chapa
Ministro mais popular da Esplanada, Sergio Moro ficou bem-posto na penúltima fotografia tirada pelo Datafolha. Conhecido por 93% dos brasileiros, Moro é aprovado por 53%. Está 23 pontos percentuais acima de Jair Bolsonaro, cuja taxa de aprovação é de míseros 30%. Os dados servem para explicar por que o ministro da Justiça foi retirado da frigideira do Planalto.
Há cinco meses, a orquestra do capitão executava para Moro uma partitura com muitos tambores e poucos violinos. Bolsonaro afastou Roberto Leonel, um pupilo do ministro, do comando do velho Coaf. Ameaçou destituir da direção-geral da Polícia Federal o delegado Mauricio Valeixo.
Em junho, numa das saidinhas do Alvorada, um repórter perguntou ao presidente se confiava em Moro. A resposta soou corrosiva: "Eu não sei das particularidades da vida do Moro. Eu não frequento a casa dele. Ele não frequenta a minha casa… por questão até de local onde moram nossas famílias. Mas, mesmo assim, meu pai dizia para mim: Confie 100% só em mim e minha mãe".
Decorridos cinco meses, a cabeça de Valeixo continua sobre o pescoço. E Moro foi transferido da frigideira do Panalto para a chapa de Bolsonaro na sucessão de 2022. O ex-juiz da Lava Jato ocupa informalmente o posto de opção para a vaga de candidato a vice-presidente da República.
Munido de suas próprias pesquisas, Bolsonaro se deu conta de que o excesso de tambores e a escassez de violinos poderia empurrar Moro não para a vice, mas para a cabeça de uma chapa rival.
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