Fundão de R$ 2,5 bi continua sendo indignidade
Dignidade é mais ou menos como virgindade. Perdeu está perdida. Não dá segunda safra. Os parlamentares começaram a se comportar de forma indigna quando imaginaram que seria uma boa ideia reservar para as eleições municipais do ano que vem um valor superior à cifra de R$ 1,7 bilhão que foi aplicada nas eleições gerais de 2018.
O governo se associou à indignidade ao propor um fundo eleitoral de R$ 2 bilhões. O Congresso evoluiu para o escárnio quando os líderes e presidentes de 13 partidos, representando 430 dos 513 deputados e 61 dos 81 senadores, dobraram a aposta, pedindo um fundão eleitoral de R$ 4 bilhões.
O relator do Orçamento da União para o ano de 2020, deputado Domingos Neto, aplicou um redutor na insanidade, mas orçou a loucura em R$ 3,8 bilhões. Agora, os líderes negociam um valor menor como se fizessem um favor à sociedade.
Jair Bolsonaro dispõe do poder de veto. Sinalizou que poderia vetar o fundo de R$ 3,8 bilhões. Mandou dizer que aceitaria inaceitáveis R$ 2,5 bilhões —meio bilhão acima do que a equipe econômica havia considerado admissível. O valor continua sendo uma indignidade.
Num país em que as pessoas morrem nos corredores de hospitais, as escolas caem aos pedaços e mais da metade da população não dispõe de água potável e privada em casa, a simples existência desse debate é um desafio à paciência da sociedade.
Tem-se a impressão de que, no Brasil, a democracia é um extraodinário modelo de organização social composto de três poderes e 210 milhões de impotências.
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