Moro vê culpas do STF, mas não enxerga o chefe
Dados coletados pelo Datafolha indicam que piorou a avaliação do governo Bolsonaro no quesito combate à corrupção. Em entrevista à Folha, Sergio Moro foi convidado a explicar o fenômeno. E ele atribuiu 100% da culpa ao Supremo Tribunal Federal. Na visão do ministro da Justiça, a avaliação piorou porque vários condenados foram libertados da cadeia depois que o Supremo revogou a regra que permitia a prisão na segunda instância. E as pessoas tendem a atribuir ao governo culpas que são do Supremo. Isso é verdade. Mas é sempre mais fácil escolher culpados do que assumir culpas.
Hoje, quando a corrupção domina a conversa numa rodinha, é impossível mudar de assunto. Pode-se, no máximo, mudar de suspeito. Nesse ambiente, o governo deveria lidar com os maus costumes com tolerância zero. E não é o que ocorre. Bolsonaro está cercado de suspeitos: o filho investigado, ministro denunciado no escândalo do laranjal, um líder enrolado na Lava Jato, o diabo.
Sergio Moro disse na entrevista que "o governo está trabalhando com afinco para o restabelecimento da prisão em segunda instância". Não é bem assim. O ministro até frequenta o debate do lado certo. Mas o líder de Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra, coleta assinaturas para evitar que seja votado entre os senadores o projeto sobre prisão. E Bolsonaro encara a encrenca da segunda instância com um semblante de ex-Bolsonaro. Quando não cala, o presidente faz declarações flácidas.
Num cenário assim, em que a memória fraca se confunde com a consciência limpa, o brasileiro tem dificuldade para enxergar inocentes no palco. Consolida-se a sensação de que os corruptos são encontrados em várias partes do mundo —quase todas no Brasil. E a leniência do Supremo não explica tudo. Eleito como parte da solução, Bolsonaro oferece material para que seus próprios eleitores comecem a enxergá-lo como parte do problema.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.