Livre do tumor, Lula diz: ‘A campanha começou’
Josias de Souza
28/03/2012 16h13
Informado pelos médicos de que desapareceu o tumor cancerígeno que lhe atacara a laringe, Lula pôs-se a disparar telefenemas. Transmitiu a boa nova a Dilma Rousseff, alcançada na Índia, e ao presidente interino Marco Maia, em Brasília.
Tocou o telefone também para os amigos mais caros do PT. A um deles, disse, entre aliviado e eufórico: "Acabou. Estou zerado." O interlocutor brincou: "Cuidado na hora de avisar ao Fernando Haddad. Ele pode infartar de alegria". E Lula, entre risos: "Para mim, a campanha começou agora."
Em vídeo levado à web, Lula agradeceu a todos que se solidarizaram com ele no seu drama. E declarou: "Eu agora volto à minha militância política com muito mais cuidado, muito mais maduro, muito mais calejado, pensando em primeiro lugar em cuidar da saúde. Mas, sobretudo, continuar lutando para ver se a gente consegue melhorar a vida do povo brasileiro um pouco mais."
Mirou mais o Brasil do que São Paulo: "Vou voltar à vida política porque acho que o Brasil precisa continuar crescendo, continuar se desenvolvendo, gerando emprego, gerando distribuição de renda e melhorando a vida de milhões e milhões de brasileiros que conseguiram chegar à classe média e não querem voltar atrás. E aqueles que sonham em chegar à classe media."
Lula submeteu-se nesta quarta (28) a uma ressonância nuclear magnética e a uma laringoscopia. Em boletim, o Hospital Sírio Libanês informou: os exames "mostraram a ausência de tumor visível, revelando apenas leve processo inflamatório nas áreas submetidas à radioterapia, como seria esperado."
Nas próximas semanas, o patrono de Haddad manterá a rotina das sessões de fonoaudiologia. Tenta reeducar a voz. Nos próximos cinco anos, terá de submeter-se a exames periódicos, para checar se não há nenhuma recidiva. No mais, vida que segue.
Antes mesmo do boletim oficial, Lula iniciara um esforço para tentar retirar a candidatura de Haddad da UTI do isolamento. No domingo (25), reunira-se com o governador pernambucano Eduardo Campos, presidente do PSB federal. Percebeu que as alianças exigirão tratamento de choque.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.