Casa da Moeda: MPF decide investigar Mantega
Josias de Souza
02/04/2012 18h33
Presidia a autarquia Luiz Felipe Denucci. Desde 2010, Mantega havia sido alertado sobre denúncias que envolviam o subordinado. Suspeita-se que Denucci e familiares dele tenham remetido ao exterior cerca de R$ 50 milhões.
O dinheiro seria proveniente de propinas pagas por fornecedores da Casa da Moeda. Denucci nega. A Polícia Federal investiga o caso. Mantega foi mandado à grelha pela Procuradoria por não ter tomado providências.
Em depoimento no Senado, o ministro reconheceu que só mandou Denucci ao olho da rua depois de tomar conhecimento, em fevereiro, de que a Folha levaria o caso às manchetes.
Em 16 de março, um grupo de seis senadores encaminhou ao procurador-geral da República Roberto Gurgel representação contra Mantega. Entre os signatários da peça estava Demóstenes Torres (DEM-GO), hoje um ex-Demóstenes.
Além dele, assinam a representação o líder tucano Álvaro Dias (PSDB-PR), Aloysio Nunes (PSDB-SP), Pedro Taques (PDT-MT), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).
Ao analisar a petição, Roberto Gurgel decidiu remetê-la à Procuradoria no Distrito Federal. Por quê? Mantega é acusado de improbidade administrativa, um tipo de crime que é processado na primeira instância do Judiciário, não no STF.
O procedimento que envolve Mantega é chamado tecnicamente de "investigação cível preliminar". Foi aberto em 29 de março. Mas só nesta segunda (2), a Procuradoria divulgou a informação na sua página eletrônica.
Conduz a investigação o procurador da República Júlio Carlos Schwonke, responsável pelo 3º Ofício de Patrimônio Público. Nesta fase, a investigação dura 90 dias, prorrigáveis por mais 90.
Caso o episódio não seja esclarecido em 180 dias, abre-se um "inquérito civil". Nessa hipótese, o prazo previsto em lei é mais elástico: um ano, com direito a prorrogação.
– Atualização feita às 20h21 desta segunda (2): Mal foi anunciada, a investigação contra Mantega foi suspensa. Por decisão do STF, o caso retornou ao gabinete do procurador-geral Roberto Gurgel.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
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