Lula ao PT: ‘Não repetirei agora o ritmo de 2010’
Josias de Souza
07/04/2012 04h16
Há três dias, em conversa com um petista que lhe é próximo, Lula soou peremptório: "Não vou repetir agora aquele ritmo alucinante de 2010. Primeiro porque não devo. Segundo porque a galega não deixa". Galega é como Lula se refere na intimidade a Marisa Letícia, sua mulher.
Convalescendo do câncer na laringe, Lula submete-se no momento a sessões de fonoaudiologia. Decidiu que sua voz não frequentará grandes comícios. Dará preferência à gravação de mensagens de apoio a serem exibidas na propaganda eleitoral de tevê.
O planejamento eleitoral do PT prioriza os municípios com mais de 150 mil eleitores. De um total de 118 cidades, a legenda decidiu apresentar candidatos próprios em pelo menos 86. Sonhava em contar com a presença física de Lula para potencializar pelo menos os candidatos que vão às urnas em 14 capitais.
Se levar ao pé da letra o que anda dizendo em privado, Lula só irá ensopar a camisa por Fernando Haddad, o candidato que impôs na cidade de São Paulo. Ainda assim, sem negligenciar os cuidados com o restabelecimento de sua saúde e sob vigilância severa da galega.
No último Datafolha, divulgado no início de março, Haddad segurava uma lanterninha de 3%, contra 30% do antagonista tucano José Serra. A maioria do eleitorado paulistano (59%) não sabe quem é Haddad. Uma minoria (10%) tem conhecimento de que se trata do candidato preferido de Lula.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.