Convocada pela internet, marcha 'anticorrupção' tenta levar manifestantes às ruas de 42 cidades
Josias de Souza
21/04/2012 05h15
Movimento inaugurado nas redes sociais e batizado de "Dia do Basta" pretende levar manifestantes às ruas de 42 cidades neste sábado (21). Entre elas, São Paulo, Rio, Brasília e Belo Horizonte.
A marcha foi concebida com a pretensão de ser nacional, alcançando pelo menos 22 unidades da federação. Ao longo da semana, sob impulsos do Cachoeiragate, proliferaram na web os vídeos com convocatórias para a marcha.
O protesto ganhou página no Facebook. Foi ao ar também um abaixo-assinado dirigido ao STF. Chamado de petição pública, o documento pede pressa no julgamento do processo em que figuram como réus os 38 da "quadrilha" do mensalão.
Às 4h45 da madrugada deste sábado, o número de signatários era de 12.292. Pretende-se levar a peça ao ministro Ricardo Lewandowski, do STF, na próxima quarta-feira (25).
Lewandowski é o revisor do voto de Joaquim Barbosa, relator do caso. A data do julgamento depende da conclusão do seu texto. O ministro já declarou que pretende concluir a tarefa neste primeiro semestre. Mas não precisou a data.
Outro mote da marcha é a exigência de voto aberto nos processos de cassação de mandatos de parlamentares. A velha reivindicação ressurge num momento em que o Conselho de Ética do Senado analisa representação do PSOL contra Demóstenes Torres.
Vence na quarta o prazo para que o senador, pilhado em diálogos comprometedores com Carlinhos Cachoeira, entregue ao Conselho sua defesa escrita. Na sequência, o senador Humberto Costa (PT-PE), relator do caso, terá cinco dias para apresentar um parecer preliminar.
Embora Humberto não diga, as chances de recomendar a abertura de processo contra Demóstenes por quebra do decoro parlamentar são de 100%. Se aprovado pelo Conselho de Ética, o processo vai desaguar no plenário do Senado.
Nessa hipótese, a exemplo do que ocorreu nas duas votações em que esteve em jogo o mandato de Renan Calheiros, em 2007, a sessão do Senado será aberta e televisionada, mas o voto continua sendo secreto.
Há nos escaninhos da Câmara e do Senado projetos sugerindo o fim do voto sigiloso. Apesar dos protestos, a chance de uma dessas propostas ser aprovada antes do desfecho do caso Demóstenes é de 0%.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.