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Escolha de Brizola Neto é criticada até pelo PDT

Josias de Souza

30/04/2012 19h23

Dilma Rousseff demorou quase cinco meses para encontrar um substituto para Carlos Lupi. Para não chegar ao Dia do Trabalhador sem um ministro do Trabalho, indicou, às carreiras, o deputado Brizola Neto. O PDT, partido do velho e do novo ministro, sentiu-se alvejado pelas costas.

Ouça-se o vice-presidente e líder da legenda na Câmara, André Figueiredo (CE): "O ministro Gilberto Carvalho [Secretaria-Geral da Presidência] ligou depois da decisão tomada, para nos comunicar. Coloquei a insatisfação de nunca ter sido chamado, nos últimos cinco meses, para conversar."

Escute-se o ex-líder na Câmara, Giovani Queiroz (PA): "A presidente está mal assessorada. Se a assessoria tivesse dito a ela que ele não tem a simpatia, nem tem trânsito nem na bancada nem na Executiva, ela não teria indicado. Ideli [Salvatti, ministra de Relações Institucionais] sabia. Se ele tem o apoio das centrais, a presidente nomeou o ministro da Força Sindical, não do PDT."

Um pouco mais de Giovani: "Brizola Neto não conseguiu ganhar a confiança da bancada. […] Ele é o queridinho da presidente, não é nosso. Se [Leonel] Brizola estivesse vivo, ele teria levado umas palmadas, apesar da lei. Ele trai princípios partidários do PDT. No Ministério fará o jogo da presidente não o de interesse do partido."

Experimente-se dar ouvidos ao secretário-geral do PDT, Manoel Dias: "O partido não avaliou. O partido está perplexo, porque ela [Dilma] fez uma indicação pessoal dela. Ela comunicou a escolha do ministro. Os partidos todos são ouvidos. Ao PDT, ela comunicou."

Aproxime-se o microfone dos lábios do líder do PDT no Senado, Acir Gurgacz (RO): "É importante dizer que não é indicação nossa, mas que nós também não vetamos. Respeitamos a escolha da presidente."

Cabe perguntar: se o objetivo não era obter a simpatia do PDT e garantir os votos da legenda no Congresso, por que diabos Dilma não acomodou na poltrona de ministro do Trabalho alguém do ramo, apartidário, realmente talhado para o cargo?

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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