Procurador vai acionar também Marconi no STJ
Josias de Souza
05/05/2012 18h12
Ambos foram mencionados no inquérito da Operação Monte Carlo, que investiga as atividades ilegais de Carlinhos Cachoeira. Deseja-se saber agora se houve envolvimento dos governadores com os negócios ilícitos da quadrilha do pós-bicheiro.
Depois que Gurgel anunciou a decisão de acionar Agnelo, Marconi antecipou-se. Por meio do advogado Antonio Carlos de Almeida 'Kakay' Castro, o governador tucano pediu ao procurador-geral que abrisse inquérito contra ele no STJ. Será atendido.
Ouvido pelo blog, Kakay disse não ter sido comunicado sobre a novidade. Mas reagiu com naturalidade: "O governador Marconi pediu para ser investigado. É normal e até desejável que o procurador-geral adote essa providência. É a obrigação dele."
De acordo com o que apurou o blog, Gurgel decidiu ainda realizar uma análise preliminar dos negócios do governo do Rio, chefiado por sérgio Cabral, com a Delta Construções, sob investigação no Cachoeiragate. A procuradoria requisitou os contratos. Serão submetidos a um pente-fino.
Cabral não foi citado nos inquéritos do caso Cachoeira. Mas sua amizade com o dono da Delta, Fernando Cavendish, antes apenas insinuada, foi exposta em vídeos e fotos que ganharam o noticiário. Daí a intenção de verificar se o relacionamento pessoal afetou os contratos.
Pela Constituição, governadores e congressistas dispõem de foro privilegiado. São processadas e julgados em tribunais distintos: os executivos estaduais no STJ, os deputados e os senadores no STF.
Confirmando-se o pedido de abertura de inquéritos contra Marconi e Agnelo, serão cinco os políticos levados à grelha do Judiciário por conta das suspeitas de relacionamento impróprio com Cachoeira.
Já correm no Supremo inquéritos contra o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), e três deputados: Carlos Leréia (PSDB-GO), Sandes Júnior (PP-GO) e Stepan Nercessian (PPS-RJ). O realator de todos eles é o ministro Ricardo Lewandowski.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.