Celso de Mello cai em si e ‘enquadra’ Cachoeira
Josias de Souza
22/05/2012 02h25
Em visita ao site do Tribunal Regional Federal da 1a Região, Celso de Mello constatou que a banca de Márcio Thomaz Bastos já havia apalpado, desde abril, as acusações que pesam contra seu cliente na ação penal que corre na Justiça Federal de Goiânia.
Ou seja: o lero-lero segundo o qual Cachoeira não podia comparecer à CPI porque lhe negavam o acesso aos autos não passava de esperteza de advogado. A manobra tornou-se límpida como água de Cachoeira depois que a CPI abriu sua sala-cofre aos advogados do contraventor.
"Apenas dois profissionais compareceram ao Senado Federal durante toda a semana [passada], não permanecendo mais que duas horas na sala onde se encontra guardada a documentação", anotou Celso de Mello, reproduzindo ofício recebido da CPI.
De resto, o ministro recordou que o acusado dispõe do direito constitucional de recorrer ao silêncio para não se autoincriminar no depoimento à CPI. Pode calar agora ou daqui a três semanas, o prazo requerido por Thomaz Bastos. Celso de Mello caiu em si. Percebeu que, se renovasse a suspensão que decretara há sete dias, viraria marionete de bicheiro.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.