A Polícia Federal barrou a entrada de um artista plástico espanhol no aeroporto internacional Pinto Martins, de Fortaleza. Chama-se Jose Inácio Rincom Rodrigues. Sob a alegação de que o visitante não apresentou comprovante de hospedagem no Brasil, os agentes alfandegários o deportaram.

O artista foi mandado de volta à Espanha na noite de sábado (26). Neste domingo (27), o incidente ganhou o noticiário. José Inácio informou aos policiais que viera ao Ceará para participar de uma exposição de arte. Foi deportado mesmo assim.

O caso ocorre uma semana depois de o artista plástico brasileiro Menelaw Sete ter protagonizado episódio análago no Aeroporto de Barajas, em Madri. A caminho de Milão, na Itália, onde também participaria de uma exposição de arte, Menelaw foi embarcado de volta ao Brasil no sábado (19) anterior, após ficar detido por cerca de 30 horas.

No caso do artista espanhol, a exposição de que tomaria parte é a Imprima 2012. Trata-se de mostra internacional de gravuras organizada com o apoio do governo do Ceará. Ocorre na cidade de Sobral, terra do governador cearense Cid Gomes (PSB).

O prefeito de Sobral, José Clodoveu de Arruda Coelho Neto, disse que tentou interceder em favor do espanhol junto à Polícia Federal. Confirmou que o artista participaria do evento cultural. Segundo ele, o delegado com quem conversou foi "intransigente": "Disse que não tinha explicação e que Rincom seria deportado mesmo assim." O prefeito lamentou a "incompreensão" da PF.

A Espanha vem impondo constrangimentos a turistas brasileiros há mais de quatro anos. Submete-os a procedimentos draconianos. Para entrar, os visitantes têm de exibir a passagem de volta e provar que dispõem de dinheiro para a estada e reserva de hotel.

Diante da reiteração dos incidentes, o Itamaraty resolveu aplicar o princípio da reciprocidade. Desde o dia 1º de abril, os espanhois que desembarcam no Brasil são submetidos às mesmas exigências feitas aos brasileiros na Espanha.